domingo, 20 de novembro de 2011

20 de Novembro: Dia da Consciência Negra



"A CONSCIÊNCIA NEGRA
 É A BUSCA PELO CONHECIMENTO
 DE NÓS MESMOS".
(OLIVEIRA SILVERIA)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Angola: 36º Ano da Independência.

Embaixada de Angola em Brasília comemorou o 36º Aniversário da Independência


Embaixador Nelson Cosme


Para comemorar o 36º aniversário da Independência de Angola, além dos diversos eventos, o embaixador Nelson Cosme ressaltou, em Brasília, os progressos alcançados no seu país no processo de reconciliação nacional e de consolidação da paz e do aprofundamento do sistema democrático no país. No último dia 11, a autoridade angolana abriu as portas da residência oficial para uma receber convidados e participantes do Seminário Internacional organizado pela UNB com apoio do Ministério da Cultura, que teve como tema: “Em torno de Angola – Narrativas, Identidades e as Conexões Atlânticas”. Na requintada noite, animada por Martinho da Vila e os ritmistas da Vila Isabel – que terá como enredo em 2012 o país africano -a professora de história da UnB Selma Pantoja lançou o livro “Uma antiga Civilização”.

Na sua fala durante a recepção oferecida na Embaixada de Angola em Brasilia pela passagem dos 36 anos da Independência Nacional do seu país, Nelson Cosme realçou também os passos dados na “promoção da igualdade do gênero que hoje apresenta a ocupação por mulheres de 39% de lugares no parlamento.

Segundo o diplomata, as mulheres ocupam também cargos ministeriais no Executivo, na diplomacia e na Magistratura Judicial.

Sobre as relações com o Brasil depois de se referir aos laços históricos e de consanguinidade existentes entre os dois países, o embaixador destacou o fato de Angola ser o principal mercado de investimentos do Brasil no Continente Africano com mais de US$ quatro bilhões.

Angola, que é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil no continente, também tem investimentos no Brasil, onde opera a petrolífera angolana SONANGOL com a sua subsidiária, Sonangol StarFish em várias regiões do Brasil como Santos, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Angola também está presente no Brasil com a empresa aérea TAAG que realiza cinco freqüências semanais entre Luanda/Rio de Janeiro e Luanda/São Paulo, transportando semanalmente cerca de 700 passageiros.

Na recepção oferecida pelo embaixador Nelson Cosme estiveram presentes membros do Governo brasileiro, senadores, deputados, diplomatas, empresários, jornalistas e outras personalidades da sociedade civil brasileira.

As festividades em Brasília se encerraram, na noite do dia 12, com um encontro realizado no Clube Naval, com a comunidade angolana residente no Distrito Federal.

Antonio Lucio: Diretor do BUREAU POLCOMUNE, Articulista, Colunista e Blogueiro do PORTAL ÁFRICAS.

sábado, 12 de novembro de 2011

LEI INSTITUI O DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Lei sancionada em 10/11/2011 o Dia Nacional da Consciência Negra
A presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou ontem (10) a Lei 12.519, que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares. A resolução oficializa uma iniciativa bem-sucedida dos movimentos sociais negros, iniciada em meados dos anos mil novecentos e setenta.

Hoje, incorporado ao calendário das escolas e de muitas outras instituições públicas e privadas, o 20 de Novembro destaca-se como um evento cívico vibrante e de grande participação popular.


“As justas homenagens que prestamos a Zumbi e seus companheiros e companheiras exprimem o reconhecimento da nação às lutas por liberdade e pela afirmação da dignidade humana de africanos e seus descendentes que remontam ao período colonial”, declara a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros.


O Dia Nacional da Consciência Negra já é celebrado em 20 de Novembro e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Apesar do ponto alto da celebração coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, a cada ano as atividades alusivas à data são expandidas ao longo do mês, ampliando os espaços dedicados à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade.

Um número cada vez mais significativo de entidades da sociedade civil, principalmente o movimento negro, tem se mobilizado em todo país, em torno de atividades relativas à participação da pessoa negra na sociedade em diferentes áreas: trabalho, educação, segurança, saúde, entre outros temas.

Neste Ano Internacional dos Afrodescendentes – instituído por Resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Nacional da Consciência Negra ganha caráter internacional. No Brasil, o ápice desta celebração será o AfroXXI – Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodecendentes, que acontece em Salvador, de 16 a 19 de novembro. O evento reunirá representações de países sul-americanos, caribenhos, africanos e ibero-americanos, em torno de debates acerca da situação atual desses povos nas regiões participantes.

A comemoração do 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. O dia homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1997, Zumbi faz parte do Livro dos Herois da Pátria, no Panteão da Pátria e da Liberdade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Quilombo dos Luizes continua a luta pela terra em Belo Horizonte


A luta do Quilombo dos Luizes pelas suas terras


Comunicamos que o quilombo dos Luízes tem sofrido junto a (in)justiça desta nação uma grande derrocada diante da invasão da propriedade pleiteada, através de processo tramitando no INCRA, e paralisado desde 2008, pois, após a elaboração do RTID, nenhuma outra ação foi demanda, nem mesmo a publicação do mesmo. A nossa questão se agrava, na medida em que novas construções vão sendo edificadas em nosso território, pois, a alegação do não andamento do processo de titulação, segundo consta, está paralisada em função das construções já existentes no território.
A DPU através de sua acessoria de comunicação, está articulando uma audiência em Brasília, com o juiz titular que concedeu a Liminar que paralisou por 36 dias o empreendimento da Construtora Patrimar/Novolar em terras quilombolas, e que após este prazo, através de juiz substituto, derrubou a mesma.
Fato é que precisamos de recursos financeiros para deslocamento, bem como apoio por parte de parceiros envolvidos nas questões quilombolas para que tal procedimento ocorra.
A Comunidade dos Luízes, solicita um posicionamento da Federação Quilombola de MG - N'Golo, dentro de suas possibilidades, no apoio e divulgação desta nota, uma vez que as obras estão em processo cada vez mais acelerado, e as instâncias públicas do poder não nos tem apontado nenhuma solução para o problema que de forma tão ampla, compromete o processo de titulação, e abre caminho para que outros venham usurpar ainda mais o território ancestralmente ocupados por nossos familiares.
Att,
Associados Quilombolas dos Luízes - Belo Horizonte  - Minas Gerais

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Morre aos 71 anos Wangari Maathai, a vencedora do prêmio Nobel de 2004

A queniana Wangari Maathai morreu por causa de um câncer. Foto: Reuters
A queniana Wangari Maathai morreu por causa de um câncer

A ativista queniana Wangari Maathai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2004, morreu por causa de um câncer, anunciou nesta segunda-feira o movimento que ela fundou, o Movimento do Cinturão Verde (GBM, na sigla em inglês). Maathai morreu no domingo, aos 71 anos, no hospital de Nairóbi após uma valente e prolongada luta contra o câncer, acompanhada de parentes, informou o organismo em seu site. "A morte de Maathai é uma grande perda para todos os que a conheciam e para quem admirava sua determinação para fazer um mundo mais pacífico, mais saudável e um lugar melhor", acrescentou.
 
Formada e pós-graduada em Biologia nos Estados Unidos nos anos 60, ela também estudou na Alemanha e está entre as primeiras mulheres da África oriental que obtiveram um título de doutorado - em seu caso, em Anatomia Veterinária. Maathai, que tinha três filhos e uma neta, foi uma das primeiras mulheres de África Ocidental com uma cátedra universitária, com um doutorado em Biologia. Em 1977 fundou o Movimento Cinturão Verde, um dos programas de mais sucesso de proteção do meio ambiente, graças ao qual se plantaram no Quênia 20 milhões de árvores, sobretudo por mulheres.
 
Em 2004, quando o Comitê Nobel de Oslo anunciou a concessão do prêmio a Maathai destacou sua posição "à frente da luta para promover um desenvolvimento ecológico, que seja viável socialmente, economicamente e culturalmente, no Quênia e na África".
 
O organismo ressaltou que Maathai teve uma aproximação global ao desenvolvimento sustentável que "abraça a democracia, os direitos humanos e em particular os direitos da mulher".
 
O governo do Quênia reconheceu que a morte de Wangari é "uma grande perda para o país, para a África e para todo o planeta", já que fez com que "o mundo entendesse que a água, as árvores e a proteção do meio ambiente ajudam a alcançar a paz". "Seu trabalho e seu visão viverão nas milhões de pessoas que escutaram sua voz e se esforçaram para planejar e definir um futuro melhor para todos", afirmou em comunicado o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner.

O arcebispo emérito Desmond Tutu, outro africano agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, disse que Wangari foi "uma autêntica heroína africana" que compreendeu "o laço indissolúvel entre a pobreza, os direitos e a sustentabilidade meio ambiental".

Disponível em: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias

sábado, 24 de setembro de 2011

Reconhecer a diversidade para mudar a sociedade. Entrevista especial com Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva

Com o objetivo de falar sobre o rosto africano, esteve na Unisinos na última semana a professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos. Na ocasião, ela concedeu pessoalmente a entrevista a seguir para a IHU On-Line, quando afirmou que “existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana”.
 
 

Para ela, “o país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica”. E completa: “as pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor”.

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva possui graduação em Português e Francês, mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Ciências Humanas – Educação pela mesma universidade. Cursou especialização em Planejamento e Administração da Educação no Instituto Internacional de Planejamento da Unesco, em Paris. Realizou estágio de pós-doutorado em Teoria da Educação, na University of South Africa, em Pretoria, África do Sul. Por indicação do Movimento Negro, foi conselheira da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, mandato 2002-2006. Nesta condição foi relatora do Parecer CNE/CP 3/2004 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana e participou da relatoria do Parecer CNE/CP 3/2005 relativo às Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Atualmente, é professora na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como a senhora descreve o rosto africano aqui no Brasil? O que o caracteriza?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – A cor da pele, que todo mundo vê, de saída; a ancestralidade; a cultura e a história enraizada na África; o modo de ser e viver; e a religiosidade. É isso que caracteriza o rosto africano no Brasil e na América Latina.

IHU On-Line – Como a questão étnico-racial aparece na educação brasileira hoje?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Não sei se temos uma questão étnico-racial. Existem dificuldades de relação entre os grupos étnico-raciais decorrentes de uma visão segundo a qual a nossa sociedade seria monocultural ou preferencialmente de raiz europeia, quando nossa sociedade é notadamente de raiz indígena, dos povos originários e também africana. A metade da população brasileira, segundo mostra o Censo, é formada por pretos e pardos, ou seja, por pessoas majoritariamente de raiz africana. O país, como um todo, quer se ver única ou preferencialmente de raiz europeia. Esse é o problema central. Somos uma sociedade pluricultural, diversa e que cria um mito de que viveríamos todos tão harmonicamente que teríamos nos esquecido de nossas raízes. E esse mito funciona na medida em que as pessoas se convertem a um modo de ser que não é o seu próprio, sendo que essa conversão anula sua raiz básica. Nós, negros, temos uma raiz africana. Evidentemente, ela foi sendo recriada no Brasil, até nas condições de escravismo. Fomos um povo tratado não como pessoas, mas como objetos. Mesmo nessa situação, esse povo recriou suas raízes. O importante é que nesse contato, que infelizmente não foi nada cordial, muito pelo contrário, houve uma recriação, o que permitiu que fossem aprendendo uns com os outros. Mas isso não significa que deixamos de ser quem somos; a base, a raiz, não morre.

IHU On-Line – Qual a importância do Parecer que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Diante dessa dificuldade de relações igualitárias entre negros e não negros era preciso que houvesse uma determinação legal. As leis são feitas justamente para corrigir distorções. Nesse sentido, é bastante significativo o início deste século. Durante todo o século XX o Movimento Negro brasileiro mostrou a importância de se conhecer a história e a cultura dos afro-brasileiros para que eles sejam respeitados como construtores dessa nação. Quando a lei10.639 [1] é aprovada, esse foi um ganho do Movimento Negro, e não uma concessão como alguns pensam. Em 2008, a lei 11.645 acrescenta a importância de se conhecer a história e a cultura dos povos indígenas. Quando se começou a formular este parecer no Conselho Nacional de Educação (eu era conselheira indicada pelo Movimento Negro), nós pensávamos na educação das relações étnico-raciais e sabíamos que chegaríamos à história e à cultura porque havia múltiplas experiências que deram condições para que se formulassem as diretrizes nos termos em que foram formuladas.


O Movimento Negro mostrava, ao longo do século XX, que, para que as pessoas convivam respeitosamente, elas devem conhecer umas às outras e devem conhecer a história e a cultura. Não podem conhecer somente a de um povo como sendo suas raízes. Uma das principais dificuldades de fazer tudo isso é porque conhecer essa história traz à tona muitas dores e talvez até muita culpa. Se para os filhos dos antigos negros escravizados é doloroso, também não deve ser fácil para os descendentes dos escravizadores ou traficantes. No entanto, as pessoas não devem se sentir culpadas pelo que seus antepassados fizeram, mas elas têm uma responsabilidade, que é a de corrigir o que foi feito. E, para isso, é preciso conhecer, respeitar e valorizar a história de cada um.

IHU On-Line – Como a lei está sendo implementada e qual a especificidade da região sul nesse cenário?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – A dificuldade da implementação talvez advenha deste aspecto da dor e da culpa, da qual acabei de falar, ou pode vir da crença que alguns têm de que são superiores a outros. Isso exige outra mentalidade, outra maneira de as pessoas se relacionarem. Ao afirmar que é preciso estudar a história e a cultura afrobrasileira e africana, o Parecer e o fato de haver até uma lei sobre isso, significam o reconhecimento de que este é o povo menos valorizado nesse país. É uma política pública de reconhecimento da maior importância.

Sobre a especificidade na região, não tenho muitos dados. Mas o que temos visto é que, aqui na região sul, ocorrem manifestações explícitas de racismo mais cruéis do que em outras regiões. As pessoas costumavam dizer que o racismo no Rio Grande do Sul devia ser maior porque havia muita influência europeia, e eu, como eu sou gaúcha de Porto Alegre, sempre disse que é difícil medir isso. Mas desde as últimas manifestações que temos visto, começo a crer que quem vê de fora parece que vê melhor.

IHU On-Line – Quem é a mulher negra brasileira hoje? Quais suas marcas?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – O que marca a mulher negra é a garra e a luta pela sobrevivência do seu povo. Ela mantém a raiz do período da escravidão e orgulho do pós-abolição.
IHU On-Line – Como a academia pode contribuir para o debate sobre a diversidade étnico-racial e o que a senhora pensa sobre as cotas para os negros nas universidades?
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – A academia deve, antes de mais nada, reconhecer que a sociedade é plural. A política de cotas e outras de ações afirmativas, quando são implantadas, mostram que a universidade adota uma política institucional. Pela primeira vez as universidades começam a adotar políticas que visam a uma equidade social. Elas se dão conta de que fazem parte da sociedade; não são algo separado ou um lugar em que algumas pessoas se isolariam para iluminar a sociedade. Não é isso. A própria universidade deve ser iluminada pela sociedade. A universidade não pode estar a serviço de um grupo.

IHU On-Line – Qual a contribuição da literatura brasileira para a construção da imagem em torno do negro no Brasil hoje?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Depende de quem escreve. Teve um debate interessante, porém doloroso, a partir do parecer do Conselho Nacional de Educação, que deu resposta a um pai, que fez uma denúncia do estudo que seu filho fazia do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, na escola, e que tem palavras pejorativas e agressivas contra a personagem Tia Anastácia. Por que chamam as crianças negras de “negrinho-carvão”? As crianças leem Monteiro Lobato, que é autoridade por ser um grande escritor, então acham que podem chamar seu colega desta forma.

IHU On-Line – E Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre?

Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Esse é mais do que simplesmente um livro muito bem escrito. Ele serve de base para justificar o mito da democracia racial, de que vivemos todos harmoniosamente, somos felizes e nos amamos, quando não é isso, a tal ponto que nos esquecemos até quais são nossas raízes. Por isso a cultura europeia é a predominante. É essa luta por reconhecimento da diversidade que esperamos que mude a sociedade, que as pessoas vivam bem e não tenham que brigar pelo que lhes é de direito.
Nota:
[1] A lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, altera a lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.


JORNAL CONEXÃO AFRO Disponível em: http://revistaafricas.com.br/archives/27347

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ONU reúne líderes para reafirmar o combate ao racismo nos 10 anos da Declaração de Durban

Brasília, 19 de setembro de 2011 – A Organização das Nações Unidas reúne, na próxima quinta-feira (22/9), em Nova York, líderes de todo o mundo para reforçar o compromisso dos países com o enfrentamento do racismo e da desigualdade racial. A reunião do 10º Aniversário da Declaração e do Plano de Ação de Durban foi convocada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e ocorre no âmbito do Ano Internacional das e dos Afrodescendentes, declarado pelas Nações Unidas. Em 10 anos, esta será a terceira reunião de alto nível realizada pela Assembleia Geral.
A Declaração e o Programa de Ação de Durban são resultados da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, realizada em 2001, em Durban, África do Sul. Os documentos contribuem para o enfrentamento do racismo, que ainda viola os direitos humanos de milhões de mulheres, crianças, jovens e homens afrodescendentes no mundo inteiro.
Na quinta-feira (22/9), a reunião será inaugurada por Nassir Abdulaziz Al-Nasser, presidente do 66º período de Sessões da Assembleia Geral; Ban-Ki-moon, Secretário-Geral da ONU; Navy Pilay, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, e Jacob Zuma, presidente da África do Sul. Na ocasião, haverá um momento para declarações dos Estados-Membros das Nações Unidas que estarão divididos em cinco grupos regionais: América Latina e Caribe, Ásia, Europa Ocidental e outros Estados, Europa Oriental e África.
Em seguida, das 11h às 18h, especialistas e membros da sociedade civil se organizarão em duas rodadas em torno do tema: “Vítimas do racismo, da discriminação racial, da xenofobia e das formas conexas de intolerância: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”. Entre os que participam da atividade estão Edna Roland, do Grupo de Especialistas Eminentes sobre a Aplicação da Declaração e do Programa de Ação de Durban; Verene Shepherd, do Grupo de Especialistas sobre os Afrodescendentes; Anwar Kemal, presidente do Comitê para Eliminação da Discriminação Racial; Mohamed Siad Douale, presidente do Grupo de Trabalho Intergovernamental sobre a Implementação da Declaração e Programa de Ação; e Githu Muigai, ex-relator especial sobre Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.
A cerimônia de encerramento, prevista para as 18h, será composta por uma plenária quando será apresentada uma síntese dos debates. A expectativa é que a reunião tenha como resultado a adoção de uma declaração de caráter político capaz de impulsionar os países para a elaboração de novas ações com foco no enfrentamento ao racismo e a discriminação racial.
A reunião do 10º Aniversário da Declaração e do Plano de Ação de Durban será transmitida ao vivo pelo site: www.un.org/webcast

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Conferência de Durban: 10 anos depois

Durban – O Brasil tem o que dizer, 10 anos depois

 

A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, ocorrida em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 9 de setembro de 2001, completa 10 anos. Mas as questões que demandaram sua realização ainda requerem a ação dos Estados para serem superadas.
Ministra Luiza Bairros

A III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, ocorrida em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 9 de setembro de 2001, completa 10 anos. Mas as questões que demandaram sua realização ainda requerem a ação dos Estados para serem superadas.

O recrudescimento das intolerâncias em várias partes do mundo deveria atrair a atenção para a Reunião de Alto Nível comemorativa do 10º aniversário da Declaração e Programa de Ação (D&PA) de Durban, que a ONU realiza neste 22 de setembro. Além das reportagens especiais para rememorar a tragédia do 11 de setembro, espera-se que a mídia avalie o que tem sido feito para eliminar o racismo e a discriminação racial.

Deve ser sempre lembrado que a participação brasileira na preparação da Conferência contra o Racismo foi um marco na mobilização das organizações negras. A riqueza das avaliações desencadeadas em todo o país beneficiou-se largamente do esforço das três décadas anteriores.

Da luta que tornara possíveis os avanços da Constituição, passando pelos protestos no centenário da Abolição, em 1988, e a Marcha Zumbi dos Palmares, em Brasília, em 1995, os movimentos negros lograram incluir a superação das desigualdades raciais na agenda política do país.

Em 2001, uma geração de ativistas alcançava a maturidade decorrente do empenho contínuo por cidadania plena e pela visibilização do racismo. As urgências de nossa situação interna motivaram a participação do Brasil naquela conferência, e asseguraram, na volta da África do Sul, os diálogos que, mais tarde, desembocaram nas políticas de ação afirmativa.

A ideia de um movimento negro “engolido” pelo Estado após esse processo seria, portanto, simplificadora de algo mais complexo, posto que não dá conta das múltiplas dimensões envolvidas nessa história recente e que a conferência inequivocamente aprofundou. A partir dela, os membros das Nações Unidas comprometeram-se a fazer do combate ao racismo responsabilidade primária do Estado.

Dez anos se passaram. Diferentemente de muitos países que ainda tentam boicotar a D&PA de Durban, as organizações da sociedade civil e o governo do Brasil terão o que dizer na Reunião de Alto Nível.

Vale destacar que o racismo é crime desde o texto constitucional de 1988. Ademais, o Estatuto da Igualdade Racial, aprovado no ano passado, orientou o Plano Plurianual 2012-2015, que inclui o enfrentamento ao racismo como um de seus programas mais inovadores. O que se faz agora é uma ampla pactuação ministerial para aprofundar a implementação do Estatuto e regulamentar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), de modo a integrar as ações nas esferas federal, estadual e municipal.

No momento, é necessário assegurar práticas educativas que possam abarcar tanto a escola como os meios de comunicação. Desde a creche, cujo acesso a presidente Dilma Rousseff quer universalizar, urge disseminar valores do pluralismo, alargando a noção do humano entre nós. Isso equivale a reverter representações desumanizadoras que atravessam nossa cultura desde o período colonial e estão na base das desvantagens sociais de negros e indígenas.

O autor de recente chacina na Noruega, Anders Breivik, afirmou a impossibilidade de progresso no Brasil dada a composição étnico-racial da população. Velhas ideias de superioridade racial que encontram novos adeptos, aqui e no exterior. Por essa visão, os obstáculos ao desenvolvimento residiriam no interior das pessoas, em sua presumida inferioridade e não em razões objetivas e externas a elas.

Por isso, há quem acredite que os espaços abertos pelo crescimento da economia brasileira não deveriam ser ocupados por “canavieiros, donas de casa e sacoleiros”. A sugestão recorrente seria a substituição do trabalhador brasileiro, tido como desqualificado, pela mão de obra “altamente especializada”. E, se não há tempo suficiente, ou a educação nada pode fazer nesses casos, os trabalhadores ideais só poderiam ser buscados em outros países.

Essa visão, contrária ao rumo buscado pelas iniciativas de erradicação da pobreza extrema e de expansão do acesso à educação técnica e superior, opõe-se também à declaração e ao programa de ação de Durban, que reforçam o direito de todos de participar, sem discriminação, da vida social e política do seu país.

Luiza Bairros é ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e conselheira do CDES.
Publicado no Correio Braziliense
Fonte: CDES

Quilombo dos Luízes consegue a suspensão da construção de prédio em suas terras


O quilombo dos Luízes (Belo Horizonte/MG), comemora a suspensão (ainda que temporária) do Alvará de funcionamento expedido pela prefeitura de Belo Horizonte, que assegurava a construtora Novolar do grupo Patrimar, a construção de um edificio em terras pleiteadas pelo quilombo através de processo que se encontra em andamento no INCRA.

A ação eficiente da Defensoria Pública de MG, assegurou a possibilidade de nos mantermos na luta pela reintegração da propriedade, que historicamente faz parte de nossos domínios territoriais.

Como parte dessas ações, no dia 15 de setembro, ás 9:30h, ocorrerá uma Audiencia Pública na Câmara Municipal de Belo Horizonte, no plenário Camil Caram, na Avenida dos Andradas, 3.100, Bairro Santa Efigenia, que terá como finalidade discutir a situação da especulação imobiliária que atinge o quilombo.


Para conhecer o quilombo dos Luízes acesse:

Angolana Leila Lopes é eleita Miss Universo

Negra, Miss Universo 2011 diz que racismo não a atinge

FAMOSIDADES
Bruno Zanardo/ Fotoarena/ Divulgação

O Brasil foi palco da celebração da diversidade na noite dessa segunda-feira (12). O concurso Miss Universo 2011 elegeu a angolana Leila Lopes como a mais bela mulher do mundo. A jovem de 25 anos alcançou o primeiro lugar na disputada competição, ficando o segundo e terceiro lugares para as candidatas da Brasil e Ucrânia, respectivamente. A vitória foi bastante comemorada nas redes sociais, rendendo a segunda posição dos assuntos mais comentados do Twitter.

A angolana conquistou simpatia e torcida até mesmo dos brasileiros. Em uma das perguntas, a modelo foi questionada sobre o que mudaria no seu corpo e mostrou ter compromisso social ao reforçar a importância do respeito ao próximo. “Não mudaria em nada. Me considero uma menina bonita por dentro, tenho os meus princípios, os meus valores. Eu sinto que fui bem educada e quero ser assim a vida toda. E agora eu aproveito para deixar um conselho aos presentes: respeitem os outros". Leila Lopes esteve no programa do Jô Soares no mês de março deste ano.

A vitória da carismática Leila Lopes foi ainda mais comemorada pela comunidade negra brasileira, sobretudo pelo fato dos jornais terem noticiado na semana passada uma série de ataques racistas por grupos neonazistas brasileiros às candidatas negras do concurso. Em um dos blogs, segundo o site G1, os jovens postaram a seguinte declaração "Como alguém consegue achar uma preta bonita?"

sábado, 6 de agosto de 2011

Cotas raciais são mais efetivas que as sociais

BRASÍLIA - Pesquisa feita em 2010 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) com cerca de 20 mil estudantes de graduação mostra que as cotas raciais tiveram maior impacto que as sociais nessas universidades.
A pesquisa constatou que a proporção de alunos das classes C, D e E foi de 43,7% em 2010, ante 42,8% no estudo anterior, de 2003 e 2004. Quando observada a divisão por raça, cor e etnia, seguindo critérios do IBGE, o aumento, em pontos porcentuais, foi maior: o de pretos, que era de 5,9%, chegou a 8,72%; o de pardos passou de 28,3% para 32,08%. Entretanto, o de amarelos caiu de 4,5% para 3,06%; e o de índios, de 2% para 0,93%.
Como a pesquisa incluiu universidades que não adotam ações afirmativas, o número global dilui o seu impacto . Além disso, a expansão da rede federal provocou o aumento do número de estudantes identificados como pretos (mais 29.524), pardos (77.664) e brancos (75.060), entre 2004 e 2010.
O relatório, observa o presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Ouro Preto, João Luiz Martins, não constata o impacto com a adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pelas federais, impulsionada em 2009.
Pretos e pardos constituem 40,8% da comunidade universitária na graduação - no Censo 2010, a população brasileira que se classificou dessas formas foi de 50,74%. Sem as cotas, a Andifes crê que as federais seriam ainda mais elitistas. "Quando você percebe que a pesquisa aponta discrepância em relação à população, isso reforça a necessidade de ampliar as cotas", diz Martins. O maior aumento no número de alunos pretos ocorreu no Norte (13,4% contra 6,8%) e Nordeste (12,5% ante 8,6%).

Por: Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os negros nas universidades federais

Estudantes negros são menos de 10% nas universidades federais

Apesar de políticas afirmativas direcionadas para a população negra, esse público ainda é minoria nas universidades federais. Estudo que será lançado hoje (3) pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) sobre o perfil dos estudantes de graduação mostra que 8,72% deles são negros. Os brancos são 53,9% , os pardos 32% e os indígenas menos de 1%.


Ainda que a participação dos negros nas federais seja pequena, houve um crescimento em relação à pesquisa anterior produzida pela Andifes em 2003, quando menos de 6% dos alunos eram negros. Isso significa um aumento de 47,7% na participação dessa população em universidades federais.

Para o presidente da associação, João Luiz Martins, a evolução é “tímida”. Ele defende que as políticas afirmativas precisam ser mais agressivas para garantir a inclusão. “A universidade tem uma dívida enorme em relação a isso [inclusão de negros]. Há necessidade de ampliar essas ações porque o atendimento ainda é muito baixo”, avalia.

A entidade é contra uma legislação ou regra nacional que determine uma política comum para todas as instituições, como o projeto de lei que tramita no Senado e determina reserva de 50% das vagas para egressos de escolas públicas. “Cada um de nós tem uma política afirmativa que se adequa melhor à nossa realidade. No Norte, por exemplo, a universidade precisa de uma política que tenha atenção aos indígenas. No Sul, o perfil já é outro e na Bahia outro”, explica Martins.


O estudo mostra que os alunos egressos de escolas públicas são 44,8% dos estudantes das universidades federais. Mais de 40% cursaram todo o ensino médio em escola privada. O reitor da Universidade Federal do Pará (Ufpa), Carlos Maneschy, explica que na instituição metade das vagas do vestibular é reservada para egressos da rede pública. Desse total, 40% são para estudantes negros. Ele acredita que nos próximos anos a universidade terá 20% de alunos da raça negra. “Antes, nem 5% eram de escola pública”, diz.


Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-08-03/estudantes-negros-sao...

Homem-Aranha será negro

A Marvel anunciou nesta terça-feira (2) que o herdeiro do uniforme do Homem-Aranha após a morte de Peter Parker será Miles Morales, um jovem negro de origem hispânica que protegerá Nova York de vilões a partir desta quarta-feira, data em que o quarto número da série "Ultimate comics fallout" chegará às bancas dos Estados Unidos.


Homem-Aranha negro, na nova série 'Ultimate' (Foto: Marvel Comics/AP)

"Quando apareceu a oportunidade de criar um novo Homem-Aranha, sabíamos que tinha que ser um personagem que representasse a diversidade, tanto pela origem como pela experiência, do século XXI", disse em comunicado o editor-chefe da Marvel, Axel.

Assim, pela primeira vez na história será possível ver um novo Homem-Aranha que não está vivido pelo fotógrafo Peter Parker, que morreu em junho pelas mãos do vilão Duende Verde na saga "Ultimate", embora Parker continue vivo na série de histórias em quadrinhos original, "The Amazing Spider-Man".

Agora, o encarregado de proteger a cidade dos vilões nesta saga será Morales, que a Marvel qualifica de "novo personagem mais importante do século" e que em breve descobrirá "que junto com seus grandes poderes também vêm grandes responsabilidades... e grandes perigos", afirma a editora.

A história do novo Homem-Aranha foi escrita por Brian Michael Bendis, Jonathan Hickman e Nick Spencer, desenhada por Sara Pichelli, Salvador Larroca e Clayton Crain, e a capa ficou por conta de Mark Bagley.

A série "Ultimate" começou em 2000 com o objetivo de atrair jovens leitores com histórias alternativas e atualizadas dos super-heróis mais populares de Marvel, como Homem-Aranha, o Quarteto Fantástico e os X-Men.

Fonte:
http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/08/marvel-anuncia-que-nov...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cor da pele e raça influenciam vida de 63,7% dos brasileiros

Dado é de pesquisa divulgada nesta sexta pelo IBGE. Trabalho foi lembrado por 71% dos entrevistados como situação mais influenciada, seguido por relações com justiça
São Paulo - Quase dois terços da população brasileira considera que a cor da pele ou raça exercem influência na vida cotidiana das pessoas. Essa foi a resposta de 63,7% dos entrevistados da "Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População", divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as situações nas quais a cor ou raça têm maior impacto, o trabalho aparece em primeiro lugar – resposta dada por 71% dos entrevistados. Em segundo lugar aparece a “relação com justiça/polícia” lembrada em 68,3% das respostas, seguida por “convívio social” (65%), “escola” (59,3%) e “repartições públicas” (51,3%).
Quase a totalidade dos entrevistados (96%) afirma saber a própria cor ou raça. As cinco categorias de classificação do IBGE (branca, preta, parda, amarela e indígena), além dos termos “morena” e “negra”, foram utilizadas. Entre as dimensões da própria identificação de cor ou raça, em primeiro lugar vem a “cor da pele”, com 74% de citações, seguida por “origem familiar” (62%), e “traços físicos” (54%).
O estudo “Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça” (PCERP) coletou informações em 2008, em uma amostra de cerca de 15 mil domicílios, no Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal
Publicado em http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/07/cor-e-raca-influenciam-na-vida-para-71-dos-brasileiros
Por Nicolau Soares, especial para a Rede Brasil Atual

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Homem moderno surgiu na África

Análise de DNA de mais de mil pessoas de 53 populações mostra que levas sucessivas deixaram o continente africano para colonizar o mundo

O homem moderno em suas origens saiu da África e aparentemente colonizou o planeta a partir de pequenas mas sucessivas ondas migratórias rumo ao resto do mundo. A comprovação vem de recentes análises genéticas, cujos resultados acabam de ser divulgados.

As novas informações demonstram que essas migrações não ocorreram por meio de um fluxo único de saídas para outros continentes, mas de forma intermitente. Os dados constam de um estudo científico publicado no mais recente número da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A equipe envolvida na pesquisa, dirigida por Sohini Ramachandra, do Depto. de Ciências Biológicas da Universidade Stanford, da Califórnia, EUA, analisou as informações genéticas detalhadas de mais de mil indivíduos de 53 populações diferentes do mundo.

Proximidade
Os especialistas detectaram uma forte relação entre a genética da população e sua proximidade. Também comprovaram que, quanto menor a distância geográfica entre dois indivíduos quaisquer, maiores são as semelhanças no DNA deles.

Os cientistas já acreditavam nessa possibilidade, mas ainda não havia dados genéticos que comprovassem esta hipótese. E os antigos estudos usavam distâncias geográficas curtas para pesquisar a possível conexão entre este fator e a genética dos povos.

Segundo os cientistas, a descoberta permite ampliar o conhecimento sobre a variação genética nos indivíduos, levando em conta que o fator de seleção natural provavelmente não representa apenas 25% na mesma.

Diversidade

Os pesquisadores comprovaram que no lugar de origem das migrações para o resto do planeta, ou seja, na África, os povos possuem atualmente a maior diversidade genética.

Já na América, o último lugar a ser colonizado por estas migrações procedentes do continente africano, foram descobertas as menores variações genéticas.

Os cientistas reiteram que os resultados de sua pesquisa respaldam a explicação de que o processo de colonização do planeta ocorreu a partir de uma série de ondas migratórias e não através de um fluxo único.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Liberdade se conquista! O exemplo de Frederick Douglass

Quando ouvimos pessoas se queixando de que não conseguem vencer na vida, por motivos como a sua origem africana, por viver na periferia de uma grande cidade, por ter pouca instrução ou pelas pressões dos preconceitos, vale lembrar que há centenas de exemplos de "vencedores", seja no passado e no presente, para os quais nada disso foi impedimento

por Oswaldo Faustino


"ACREDITE EM SI MESMO; APROVEITE CADA OPORTUNIDADE; USE O PODER DA LINGUAGEM FALADA E ESCRITA PARA UMA MUDANÇA POSITIVA PARA SI E PARA A SOCIEDADE"
Recentemente li um artigo sobre um escritor, orador e abolicionista afro- americano pouco conhecido no Brasil, Frederick Douglass (sobrenome de origem escocesa que significa "vindo das águas pretas"), cujo nome verdadeiro era Frederick Augustus Washington Bailey, nascido escravo, em 1818, na cidade de Easton, no estado da Marilândia, costa leste dos Estados Unidos, onde a escravidão só foi abolida em 1864. Nas três autobiografias que publicou, ele ressalta que nasceu numa cabana de escravos e que foi separado de sua mãe com semanas de vida para ser criado pelos avós. Não tinha mais que 6 anos, quando a avó o abandonou numa plantação pertencente a um senhor de escravos, que o deu para um parente, em Baltimore.

Apesar de ser ilegal ensinar os escravizados a ler e escrever, a mulher de seu "dono" o ensinava a ler, utilizando a Bíblia. Posteriormente, ele começou a dar sua comida para meninos brancos de seu bairro em troca de aulas de leitura e escrita. Escravo rebelde, muitas vezes enfrentou escravocratas com os própios punhos e se envolveu em inúmeras tentativas de fuga, até que, aos 20 anos, conseguiu entrar para a marinha mercante, conquistando a alforria. É bom lembrar que tanto nos EUA quanto no Brasil, marinheiros eram punidos com chibatadas, apesar de serem considerados "homens livres".

Frederick casou e viveu com a família em Massachusetts. Criou um jornal que, além de lutar contra a escravidão, defendia os direitos das mulheres. Espécie de Abdias Nascimento de seu tempo, tornou-se um conselheiro de confiança do presidente Abraham Lincoln e conhecido internacionalmente pela intransigência na luta por aquilo que acreditava, razão pela qual recebeu vários títulos, como o de "O Leão de Anacostia". Fora dos EUA, foi também ministro geral no Haiti, após a independência daquele país. Seu lema: "O que é possível para mim é possível para você". E sua fórmula para a conquista da liberdade e a cidadania plenas se resume em três conselhos: Acredite em si mesmo; aproveite cada oportunidade; use o poder da linguagem falada e escrita para uma mudança positiva para si e para a sociedade. Douglass viveu no século 19, mas sua mensagem não poderia ser mais atual neste século 21.
Fonte: Revista Raça Brasil

quarta-feira, 8 de junho de 2011

ENCONTRO ESTADUAL AFRO-MINEIRO: A ÁFRICA QUE INCOMODA: A PROBLEMATIZAÇÃO DO LEGADO AFRICANO NO QUOTIDIANO BRASILEIRO



A Prefeitura de Contagem, através da Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial / Espaço NEGRA, em parceria com o Governo do Estado e a Livraria & Editora Nandyala, realiza o Encontro Estadual Afro-Mineiro: A África que incomoda: A problematização do legado africano no quotidiano brasileiro, tendo como palestrante o Profº Dr Carlos Moore que abordará a questão racial a partir de uma perspectiva histórica, e não somente como uma questão de conjuntura.

Carlos Moore é cubano radicado na Bahia, doutor em Ciências Humanas (Universidade de Paris-7, França), 1983 e Doutor em Etnologia (Universidade de Paris–7, França), 1979. Nasceu e cresceu em Cuba, filho de pais jamaicanos, possuindo ambas as cidadanias. Obteve dois Ph.Ds na Universidade de Paris (França). Morou e trabalhou na Europa por quinze anos (França), na África por oito anos (Egito, Nigéria e Senegal), no Caribe por dezoito (Trinidad-Tobago, Guadalupe, Martinica), e viajou intensamente pelo sudeste da Ásia (Filipinas, Austrália, Ilhas Fidji, Papua Nova Guiné, Indonésia) em projetos de pesquisa, tendo agora fixado residência permanente no Brasil. Fluente em quatro línguas (francês, inglês, espanhol e português), Moore Wedderburn possui expertise em assuntos internacionais e o impacto que questões de raça, etnia e gênero exercem sobre a sociedade.

O Encontro acontece em Contagem no dia 15/06/2011, no horário de 13:00 às 17:30 horas, no Centro Cultural de Contagem – Rua Dr Cassiano, 120 – Centro/Contagem.

As inscrições serão feitas no período de 01/06/2011 a 10/06/2011 através do preenchimento da ficha em anexo encaminhada para igualdaderacial-contagem@hotmail.com.

Público alvo: Gestores FIPIR, Fórum Estadual de Educação para as Relações Étnico-Raciais, Professores da Rede Municipal e Estadual de Contagem, Gestores da Secretaria de Educação e Cultura de Contagem, Fórum Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Lideranças do Movimento Negro

Informações: (31)3398-4268

VAGAS LIMITADAS

terça-feira, 24 de maio de 2011

Morre Abdias do Nascimento, guerreiro do povo negro‏

Faleceu nesta manhã de terça, 24, no Rio de Janeiro, o escritor Abdias do Nascimento. Poeta, político, artista plástico, jornalista, ator e diretor teatral, Abdias foi um corajoso ativista na denúncia do racismo e na defesa da cidadania dos descendentes da África espalhados pelo mundo. O Brasil e a Diáspora perdem hoje um dos seus maiores líderes.. A família ainda não sabe informar quando será o enterro. Aos 97 anos, o paulista de Franca, passava por complicações que o levaram ao internamento no último mês. Deixa a esposa Elisa Larkin, filhos e uma legião de seguidores, inspirados na sua trajetória de coragem e dedicação aos direitos humanos. (Redação, Correio Nagô)

Foto: doolharnegro.blogspot.com

ABDIAS DO NASCIMENTO
Nascido em Franca, São Paulo, 14 de março de 1914.
Professor Emérito, Universidade do Estado de Nova York, Buffalo (Professor Titular de 1971 a 1981, fundou a cadeira de Cultura Africana no Novo Mundo no Centro de Estudos Porto-riquenhos).
Artista plástico, escritor, poeta, dramaturgo.
Formação acadêmica
Bacharel em Economia, Universidade do Rio de Janeiro, 1938.
Diploma pós-universitário, Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), 1957.
Pós-graduação em Estudos do Mar, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/ Ministério da Marinha, 1967.
Doutor Honoris Causa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1993.
Doutor Honoris Causa, Universidade Federal da Bahia, 2000.
Doutor Honoris Causa, Universidade do Estado da Bahia, 2008

Cargos Eletivos e Executivos Exercidos:
Deputado federal (1983-86).
Secretário de Estado, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (SEAFRO) (1991-1994).
Senador da República (1991-99). Suplente do Senador Darcy Ribeiro, assumiu a cadeira no Senado, representando o Rio de Janeiro pelo PDT em dois períodos: 1991-1992 e 1997-99.
Secretário de Estado de Direitos Humanos e da Cidadania, Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1999. Coordenador do Conselho de Direitos Humanos, 1999-2000.
 
Atividades e Realizações Principais:
1930-1936. Alista-se no Exército, e na capital de São Paulo participa da Frente Negra Brasileira. Participa das Revoluções de 1930 e 1932, na qualidade de soldado. Combate a discriminação racial em estabelecimentos comerciais em São Paulo.
1936. Muda para o Rio de Janeiro com o objetivo de continuar seus estudos de economia, iniciados em São Paulo.
1937. Protestando contra a ditadura do Estado Novo, é preso e condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional e cumpre pena na Penitenciária da Frei Caneca.
1938. Organiza junto com um grupo de militantes negros em Campinas, SP, o Congresso Afro-Campineiro, com o objetivo de discutir e organizar formas de resistência à discriminação racial.
1938. Diploma-se pela Faculdade de Economia da Universidade do Rio de Janeiro.
1940. Integrante da Santa Hermandad Orquídea, grupo de poetas argentinos e brasileiros, viaja com eles pela América do Sul. Em Lima, Peru, faz uma série de palestras na Universidad Mayor de San Marcos (Escola de Economia). Assiste à peça O Imperador Jones, de Eugene O'Neill, estrelada por um ator branco, Hugo D'Evieri, brochado de preto. A partir das reflexões provocadas por esse fato, planeja criar o Teatro do Negro Brasileiro ao retornar a seu país. Na Argentina, onde mora por mais de um ano, participa de movimentos teatrais com o objetivo de melhor conceitualizar a idéia do Teatro Negro.
1941. Voltando ao Brasil, é preso na Penitenciária de Carandiru, condenado à revelia por haver resistido a agressões racistas em 1936. Funda o Teatro do Sentenciado, organizando um grupo de presos que escrevem, dirigem e interpretam peças dramáticas.
1943. Saindo da prisão, procura em São Paulo apoio para a criação do Teatro do Negro. Não encontrando receptividade junto a intelectuais como o escritor Mário de Andrade, e outros, muda para o Rio de Janeiro.
1944. Funda, com o apoio de um grupo de negros e de setores da intelectualidade carioca, o Teatro Experimental do Negro (TEN). Na sede da UNE, realizaram-se os primeiros cursos de alfabetização, treinamento dramático e cultura geral para os participantes da entidade.
1945. Dirige o TEN na sua estréia no Teatro Municipal com o espetáculo O Imperador Jones, estrelado pelo genial ator negro Aguinaldo Camargo, em 08 de maio, dia da vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Daí em diante, até 1968, o TEN teve presença destacada no cenário cultural e teatral brasileiro.
1945. Com um grupo de militantes, funda o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, que luta pela anistia dos presos políticos.
1945-46. Organiza a Convenção Nacional do Negro (a primeira plenária realizando-se em São Paulo e a segunda no Rio de Janeiro), que propõe à Assembléia Nacional Constituinte a inclusão de um dispositivo constitucional definindo a discriminação racial como crime de lesa-Pátria. A iniciativa, apresentada à Assembléia Nacional Constituinte pelo Senador Hamilton Nogueira, não é aprovada.
1946. Participa da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) no Rio de Janeiro.
1948. Funda, junto com Sebastião Rodrigues Alves e outros petebistas, o movimento negro do PTB.
1949. Organiza, com a colaboração do sociólogo Guerreiro Ramos e do etnólogo Édison Carneiro a Conferência Nacional do Negro, preparatória do 1º Congresso do Negro Brasileiro.
1949-1951. Funda e dirige o jornal Quilombo, órgão de divulgação do TEN.
1950. Realiza no Rio de Janeiro o 1º Congresso do Negro Brasileiro, evento organizado pelo TEN.
1955. Realiza o Concurso de Artes Plásticas sobre o tema do Cristo Negro, evento polêmico que mereceu a condenação de setores da Igreja Católica e o apoio do bispo Dom Hélder Câmara.
1957. Forma-se na primeira turma do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Estréia a peça de sua autoria, Sortilégio: Mistério Negro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e de São Paulo.
1968. Funda o Museu de Arte Negra, que realiza sua exposição inaugural no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Encontra-se alvo de vários Inquéritos Policial-Militares e se vê obrigado a deixar o país. Convidado pela Fairfield Foundation, inicia uma série de palestras nos Estados Unidos.
1968-69. Durante um semestre, atua como Conferencista Visitante da Yale University, School of Dramatic Arts. Inicia sua atuação como artista plástico, pintando telas que transmitem os valores da cultura religiosa afro-brasileira e da luta pelos direitos humanos dos povos africanos em todo o mundo. (Ver lista de exposições abaixo).
1969-70. Convidado pelo Centro para as Humanidades da Wesleyan University (Middletown, Connecticut), participa durante um ano, com intelectuais como Norman Mailer, Norman O. Brown, John Cage, Buckminster Fuller, Leslie Fiedler, e outros, do seminário A Humanidade em Revolta.
1970. É convidado para fundar a cadeira de Culturas Africanas no Novo Mundo, no Centro de Estudos Portorriquenhos da Universidade do Estado de Nova York em Buffalo, na qualidade de professor associado, no ano seguinte titular, e lá permanece até 1981.
1973. Participa da Conferência de Planejamento do 6º Congresso Pan-Africano em Kingston, Jamaica.
1974. Participa do Sexto Congresso Pan-Africano, Dar-es-Salaam, Tanzânia, como único representante da região da América Latina.
1976-77. Convidado pela Universidade de Ife, Ile-Ife, Nigéria, passa um ano como Professor Visitante no Departamento de Línguas e Literaturas Africanas.
1976. Participa, a convite do escritor Wole Soyinka, no Seminário Alternativas para o Mundo Africano, reunião em que funda-se a União de Escritores Africanos, em Dakar.
1977. Participa na qualidade de observador, perseguido pela delegação oficial do regime militar brasileiro, do Segundo Festival Mundial de Artes e Culturas Negras e Africanas, realizado em Lagos. Denuncia, no respectivo Colóquio, a situação de discriminação racista vivida pelo negro no Brasil. Na Europa e Estados Unidos, participa da fundação, desde o exílio, do novo PTB (mais tarde, Partido Democrático Trabalhista - PDT).
1977. Participa, na qualidade de delegado e presidente de grupo de trabalho, do Primeiro Congresso de Cultura Negra nas Américas, realizado em Cáli, Colômbia.
1978. Participa em São Paulo do ato público de fundação e das reuniões organizativas do Movimento Negro Unificado contra a o Racismo e a Discriminação Racial. Participa da reunião internacional de exilados brasileiros O Brasil no Limiar da Década dos Oitenta, em Stockholm, Suécia.
1979. A convite do Bloco Parlamentar Negro (Congressional Black Caucus) do Congresso dos Estados Unidos, e do Sindicato de Trabalhadores do Correio, profere conferência na sede da Câmara dos Deputados em Washington, D.C.
1980. Participa, na qualidade de delegado especial, do Segundo Congresso de Cultura Negra das Américas, realizado no Panamá, e é eleito pelo plenário Coordenador Geral do Terceiro Congresso. No Brasil, lança o livro O Quilombismo e ajuda a fundar o Memorial Zumbi, organização nacional voltada à recuperação, em benefício da comunidade afro-brasileira e do mundo africano, das terras da República dos Palmares, na Serra da Barriga, Alagoas.
1981. Funda o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO) na PUC-SP. Integra a executiva nacional do PDT e funda a Secretaria do Movimento Negro do PDT, no Rio de Janeiro e a nível nacional. Participa da coordenação internacional do projeto Kindred Spirits, exposição itinerante de artes afro-americanas.
1982. Organiza e é eleito para presidir o Terceiro Congresso de Cultura Negra das Américas, realizado nas dependências da PUC-SP com representantes de todo o mundo africano exceto o Pacífico.
1983. Assume a cadeira de Deputado Federal, eleito suplente pelo PDT-RJ. É o primeiro deputado afro-brasileiro a exercer o mandato defendendo os direitos humanos e civis do povo afro-brasileiro. A convite da ONU, participa do Simpósio Regional da América Latina em Apoio à Luta do Povo da Namíbia pela sua Independência, em San José, Costa Rica. Visita a antiga sede da UNIA de Marcus Garvey em Limón. Viaja também a Nicarágua, participando de sessões da Assemblea Nacional e conhecendo as populações de origem africana em Bluefields, litoral oriental do país. Em Washington, D.C., participa do seminário Dimensões Internacionais: a Realidade de um Mundo Interdependente, a convite do Bloco Parlamentar Negro (Black Congressional Caucus), na sede do Congresso Nacional dos Estados Unidos.
1984. Cria, junto com um grupo de intelectuais e militantes negros, a Fundação Afro-Brasileira de Arte, Educação e Cultura (FUNAFRO), integrando o IPEAFRO, o Teatro Experimental do Negro, a revista Afrodiaspora, e o Museu de Arte Negra.
1985. A convite da ONU, participa da Simpósio Mundial em apoio à Luta do Povo da Namíbia pela sua Independência, em Nova York. Participa, novamente, de reunião internacional patrocinada pelo Bloco Parlamentar Negro dos Estados Unidos: a Conferência Internacional sobre a Situação dos Povos do Terceiro Mundo, na sede do Congresso norteamericano em Washington, D.C. Integrando comitiva oficial brasileira, visita Israel a convite do respectivo governo.
1987. Participa, na qualidade de delegado de honra,da Conferência Internacional sobre a Negritude e as Culturas Afro nas Américas, Florida International University, Miami. Integra o Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro.
1987-88. Integra o Comitê Dirigente Internacional, Festival Pan-Africano de Artes e Cultura, Dakar, Senegal. Participa da direção internacional do Memorial Gorée, organização dedicada ao projeto de construção de um memorial aos africanos escravizados na ilha senegalesa que serviu como entreposto do comércio escravista. Integra a direção internacional do Instituto dos Povos Negros, organização internacional promovida com o apoio da UNESCO pelo governo de Burkina Faso e de outros países africanos e caribenhos.
1988. Profere a conferência inaugural da Série Anual de Conferências Internacionais W. E. B. DuBois em Accra, República de Gana, promovida pelo Centro de Estudos Pan-Africanos W. E. B. DuBois, e visita o país a convite do governo. Participa da Comissão Nacional para o Centenário da Abolição da Escravatura. Realiza exposição individual intitulada Orixás: os Deuses Vivos da África, na sede do Ministério da Educação e Cultura, o Palácio Gustavo Capanema.
1989. Na qualidade de consultor da UNESCO para assuntos culturais, passa um mês em Angola. É eleito Presidente do Memorial Zumbi e atua no Conselho de Curadores da Fundação Cultural Palmares, Ministério da Cultura. É nomeado Conselheiro representante do Município no Conselho de Contribuintes do Município do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Fazenda.
1990. A convite da SWAPO (movimento de libertação nacional transformado em partido político eleito ao primeiro governo da nação), participa da cerimônia de independência da Namíbia e posse do Governo Sam Nujoma, em Windhoek.
1990-91. Durante um ano atua como Professor Visitante, Departamento de Estudos Africano-Americanos, Temple University, Philadelphia. Acompanha Darcy Ribeiro e Doutel de Andrade na chapa do PDT para o Senado, sendo eleito suplente de senador.
1991. Assume a pasta de Secretário de Estado para a Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (SEAFRO) no Governo do Rio de Janeiro. A convite do Congresso Nacional Africano (ANC) da África do Sul, participa de sua 48a Conferência Nacional presidido por Nelson Mandela, em Durban. É nomeado membro do Conselho de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
1991-92. Assume a cadeira no Senado. Integra a comitiva presidencial em visita a Angola, Moçambique, Zimbabwe, e Namíbia. Participa no Primeiro Congresso Internacional sobre Direitos Humanos no Mundo Africano, patrocinado pela organização não-governamental AFRIC e realizado em Toronto, Canadá.
1993-94. Retoma a Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras.
1995. Participa das atividades do Tricentenário de Zumbi dos Palmares, em vários estados e municípios do Brasil e nos Estados Unidos. Lança o livro Orixás: os Deuses Vivos da África, com reproduções de suas pinturas, texto sobre cultura e experiência afro-brasileiras, e textos críticos de diversos autores (africanos, norteamericanos, caribenhos, e brasileiros) sobre a sua obra de artes plásticas. É Patrono do Congresso Continental dos Povos Negros das Américas, realizado no Parlamento Latinoamericano em São Paulo, em comemoração ao Tricentenário da Imortalidade de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro de 1995.
1996. Recebe da Câmara Municipal de São Paulo o título de Cidadão Paulistano.
1997. Assume em caráter definitivo o mandato de senador da República. Recebe o prêmio de Menção Honrosa de Direitos Humanos outorgado pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP. Realiza exposição de pintura no Salão Negro do Congresso Nacional.
1998. Participa com um comentário ao Artigo 4º da Declaração de Direitos Humanos por ocasião do cincoentenário desse documento da ONU em 1998, incluído em volume organizado e publicado pelo Conselho Federal da OAB. Outros artigos foram comentados por personalidades como o rabino Henry Sobel, Adolfo Pérez Esquivel, Evandro Lins e Silva, Dalmo de Abreu Dallari, João Luiz Duboc Pinaud, e outros. Realiza exposição de pintura (28 telas) na Galeria Debret em Paris.
1999. Assume, como titular fundador, a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do Governo do Estado do Rio de Janeiro. É homenageado pela Câmara Municipal de Salvador entre cinco personalidades do mundo africano: Malcolm X, Abdias Nascimento, Martin Luther King, Patrice Lumumba, Samora Machel.
2000.. Extinta a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, preside provisoriamente o Conselho de Direitos Humanos e volta a dedicar-se às atividades de escritor e pintor. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia.
2001. É agraciado pelo Schomburg Center for Research in Black Culture, centro de referência mundial que integra o sistema de bibliotecas públicas do município de Nova York, com o Prêmio Herança Africana comemorativo dos 75 anos da fundação daquela instituição. A comissão de seleção dos premiados foi constituída pelo ex-prefeito de Nova York, David N. Dinkins, a poetisa Maya Angelou, o cantor Harry Belafonte, o ator Bill Cosby, a diretora da editora Présence Africaine Mme. Yandé Christian Diop, o professor Henry Louis Gates da Harvard University, a coreógrafa Judith Jamison, o cineasta Spike Lee e o reitor da Universidade das Antilhas Rex Nettleford. As outras cinco personalidades homenageadas com o prêmio em cerimônia realizada na sede da ONU foram o intelectual senegalês e ex-diretor da UNESCO M. Amadou Mahktar M'Bow, a coreógrafa e antropóloga Katherine Dunham, a ativista dos direitos civis e fundadora da Organização das Mulheres Negras dos Estados Unidos Dorothy Height, o fotógrafo Gordon Parks, e músico e fotógrafo Billy Taylor.
Convidado pela Fórum Nacional de Entidades Negras, faz o discurso de abertura da 2ª Plenária de Entidades Negras Rumo à 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Rio de Janeiro, 11 de maio de 2001.
É agraciado com o Prêmio Cidadania 2001, da Comunidade Bah'ai do Brasil, conferido em Salvador em junho.
Inaugura-se em julho o Núcleo de Referência Abdias Nascimento, contra o Racismo e o Anti-Semitismo, e seu Serviço Disque-Racismo, iniciativas da Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro.
Profere discurso de abertura do 1º Encontro Nacional de Parlamentares Negros, Salvador, Bahia, 26 de julho de 2001.
Convidado pela Coalizão de ONGs da África do Sul (SANGOCO), profere palestra na mesa Fontes, Causas e Formas Contemporâneas de Racismo, Fórum das ONGs, 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Durban, África do Sul, 28 de agosto de 2001.
É agraciado com a Ordem do Rio Branco, no grau de Oficial, Brasília, outubro de 2001.
É agraciado com o Prêmio UNESCO, categoria Direitos Humanos e Cultura de Paz, outubro de 2001.
2002. Lança os livros O Brasil na Mira do Pan-Africanismo (CEAO/ EdUFBA) e O Quilombismo, 2ª ed. (Fundação Cultural Palmares).
É convidado pelo Liceu de Artes e Ofícios da Bahia a ser o palestrante da segunda de suas novas Conferências Populares, continuando essa tradição centenária no seu 130o aniversário.
Participa das comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra em Porto Alegre, 20 de novembro.
É homenageado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, na sua 4ª Conferência Nacional realizada em Brasília em 11 de dezembro, como personalidade destacada na história dos direitos humanos no Brasil.
Exposição Abdias do Nascimento: Vida e Arte de um Guerreiro, Centro Cultural José Bonifácio, Rio de Janeiro, inaugurada em dezembro.
2003. Discursa, na qualidade de convidado especial, na inauguração da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Brasília, 21 de março.
É homenageado pela Fala Preta! Organização de Mulheres Negras de São Paulo, como personalidade destacada na defesa dos direitos humanos dos afrodescendentes brasileiros, 22 de abril.
Publica em maio edição em fac-símile do jornal Quilombo (São Paulo: Editora 34).
Recebe o Diploma da Camélia, Campanha Ação Afirmativa/ Atitude Positiva, CEAP e Coalizão de ONGs pela Ação Afirmativa para Afrodescendentes, Rio de Janeiro, 17 de novembro.
Recebe o Prêmio Comemorativo das Nações Unidas por Serviços Relevantes em Direitos Humanos, Rio de Janeiro, 26 de novembro.
2004. No Seminário Internacional Políticas de Promoção Racial, recebe o Prêmio de Reconhecimento da Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Brasília, 21 de março de 2004.
Recebe homenagem da Presidência da República aos 90 anos "do maior expoente brasileiro na luta intransigente pelos direitos dos negros no combate à discriminação, ao preconceito e ao racismo". Brasília, 21 de março de 2004.
Recebe prêmio de Reconhecimento 10 Years of Freedom - South Africa 1994-2004, do Governo da África do Sul, abril de 2004.
Profere palestra "Memorial de Luta", no Seminário O Negro na República Brasileira: Pautas de Pesquisa, promovido pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afro-Descendente da PUC-Rio, maio de 2004.
Participa do VII Congresso da BRASA, Associação de Estudos Brasileiros, na qualidade de homenageado no Painel sobre a sua vida e obra, realizado em sessão plenária do dia 10 de junho de 2004, na PUC-Rio.
Participa do Fórum Cultural Mundial, realizado em São Paulo em julho de 2004, como homenageado no painel Abdias Nascimento, um Brasileiro no Mundo, organizado pela SEPPIR, em que é lançado oficialmente o seu nome para o prêmio Nobel da Paz, ampliando a repercussão da indicação feita pelo Instituto de Advocacia Ambiental e Racial - IARA.