sábado, 25 de agosto de 2012

Destrinchando o massacre de Marikana

Sul-africanos estão horrorizados com um violento incidente de 16 de agosto 2012, que lembra os dias mais sombrios do passado do país do apartheid: a morte por policiais armados de cerca de trinta e quatro mineiros (o número exato ainda não foi confirmado) em uma mina de platina de propriedade da gigante britânica Lonmin, empresa localizada perto de Rustenberg, no norte do país. Os ministros do governo e figuras do alto escalão do partido Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) estão expressando simultaneamente perplexidade, choque e indignação com o que se tornou conhecido como o “massacre de Marikana”. O discurso recorrente é que a tarefa agora é entender o que está por trás da tragédia, e que é muito cedo para “apontar dedos” aos culpados. O presidente Jacob Zuma, por sua vez, prometeu a nomeação de uma comissão de inquérito com um escopo amplo.
 
Há, em suma, uma mistura de perplexidade, surpresa e remorso entre a elite dominante. Mas por que a surpresa? O aviso estava dado aos poderosos há muito tempo, mesmo que fosse indecifrável para aqueles que não tivessem vontade de enxergá-lo. Na verdade, o massacre de Marikana era uma tragédia iminente. Quando a comissão de inquérito vier para escrever seu relatório, – apesar de ser muito improvável alocar qualquer responsabilidade antes da eleição da liderança do ANC em Mangaung (Bloemfontein) em dezembro de 2012 – pode escolher destrinchar as causas do massacre de Marikana em quatro fatores.
 
Os sindicatos
 
A rivalidade entre a União Nacional dos Mineiros (NUM na sigla em inglês, National Union of Mineworkers), maior afiliada do Congresso de Sindicatos Sul-africanos (Cosatu) alinhada ao ANC, e o Sindicato da Associação da Mineração e Construção (AMCU na sigla em inglês, Association of Mining and Construction Union) estão entre os motivos mais externos do massacre de 16 de agosto. O AMCU originalmente se separou do NUM em 1998, mas vem ganhando destaque apenas nos últimos dois ou três anos – nomeadamente nas minas da Implats e da Lonmin no emergente cinto de platina em Rustenburg, na Província do Noroeste, próxima do norte de Joanesburgo.
 
O AMCU tem crescido à custa do NUM, embora o NUM tenha destituído seu rival seguindo o desejo dos patrões de minar a paz entre os dois. A Lonmin diz que informou o NUM em março de 2012 que os membros do sindicato entre os trabalhadores da empresa tinham caído para menos de 51%. Isto significou que, em termos de acordo de reconhecimento entre a empresa e NUM, o último teve seis meses para restaurar seu nível de adesão, sob a pena de novos acordos de negociação acabarem. O resultado imediato foi uma campanha de recrutamento agressiva do NUM, que foi recebida com uma resposta igualmente agressiva do AMCU (que provavelmente alcançou um nível de adesão de cerca de 20%, principalmente entre perfuradores).
 
A competição que se seguiu tornou-se cada vez mais violenta, com ambos NUM e Lonmin alegando serem vítimas. O primeiro de forças desonestas que procuram dividir a unidade do movimento dos trabalhadores, a última de uma disputa intersindical, alegando ser impotente para impedi-la. A comissão de inquérito trabalhará para acompanhar os detalhes, mas quando se trata de analisar a dinâmica da rivalidade, quase certamente apontará para um crescente abismo entre os trabalhadores das minas e os funcionários sindicais.
 
O NUM em si está desconfortavelmente ciente disso. Desde 1994 encomendou cinco inquéritos quinquenais de como seus membros veem o sindicato e de como ele aborda as suas necessidades. Recentemente, tem-se falado em fazer essa pesquisa uma vez a cada dois anos.
 
A crítica padrão da direita à Cosatu é a de que ela está se tornando o veículo de uma camada privilegiada de trabalhadores formalmente empregados entre um mar de empregados informais e desempregados. Isto é, sem dúvida, injusto, até porque os níveis salariais médios para os trabalhadores, mesmo os formalmente empregados, permanecem tristemente baixos, e os salários precisam chegar aos lares mergulhados na pobreza extrema. No entanto, pode-se argumentar que há uma dimensão de classe cada vez maior para as políticas internas da COSATU, da qual o NUM não é imune – notadamente o uso do gabinete do sindicato para fins de mobilidade ascendente pessoal, e não como um projeto para lutar pelas batalhas da classe operária.
 
Na verdade, no pós-apartheid da África do Sul, a dispensa de relações industriais dada a sindicalistas levou as lutas dos trabalhadores do chão de fábrica e das minas para as salas de reuniões, assim como os próprios sindicatos estabeleceram e fizeram crescer empresas de investimento que, embora formalmente separadas, oferecem perspectivas de oportunidade, enriquecimento e lucro. Sem surpresa, o AMCU expressa o descontentamento, raiva e frustração de alguns dos que sentem que estão sendo deixados para trás e ignorados pelos empregadores, pelo governo, pelo ANC e também pelo movimento sindical estabelecido. Não admira que as demandas do AMCU sejam por aumento de três vezes o salário atual mais um mês de férias e direito a um padrão de vida decente.
 
A polícia
 
O segundo fator para a tragédia de Marikana está no estilo de policiamento preocupantemente, similar ao do Apartheid. Imagens do massacre de Marikana na televisão mostraram policiais armados, alguns deles em uniformes camuflados, confrontando os trabalhadores do AMCU que estavam protestando. Sim, os trabalhadores estavam portando tocos de madeira, facas e outras coisas. Também não é improvável, como a polícia afirma, que alguns deles estivessem armados com pistolas e pudessem até mesmo ter começado a batalha que teve consequências tão desastrosas.
 
Mas é tudo tão previsível. O policiamento pós-apartheid foi feito para fugir dos velhos tempos, quando a polícia patrulhava os municípios em conflito e a maioria negra era o inimigo. Mesmo agora, há muita hipocrisia em torno de noções reconfortantes como “policiamento comunitário” e “servir o público”. E, certamente, é difícil lá fora, com a própria polícia sofrendo muitas mortes violentas, bem como recebendo remunerações desmoralizantemente baixas. No entanto, ao lado de alguns progressos em termos de modos mais aceitáveis de policiamento, há sinais preocupantes de regressão.
 
A prisão de um esquadrão policial em KwaZulu-Natal que tinha feito justiça com suas próprias mãos é um exemplo; a alta incidência de mortes em detenções policiais (embora menos do que sob o apartheid) é outra. Mas Marikana resgata a mudança para a militarização do policiamento, prefigurado por eventos em 2010 (um chamado pelo antigo ministro adjunto de polícia Fikile Mabalula para a transformação da polícia em uma força paramilitar, seguido pelo retorno a um sistema de patentes semelhante ao militar). Mesmo antes disso, a controvérsia irrompeu em torno de declarações do então policial superior Bheki Cele, que foram amplamente interpretadas como endossar uma política de “atirar para matar” da polícia. Cele refuta vigorosamente essa leitura de seus comentários, mas mesmo assim eles parecem apontar para uma posição mais dura, um estilo de policiamento “sem brincadeiras” no qual a preparação para recorrer à violência para enfrentar o crime tornou-se cada vez mais aceitável.
 
Em Marikana, a polícia reivindica que os mineiros grevistas atiraram primeiro. Eles podem estar certos, mas muitas questões ainda se seguiram, nomeadamente o uso de munição real, em tão aparente desproporção. Talvez, como em Sharpeville, em 1960, a polícia tenha entrado em pânico (há histórias de ordens erradas sendo dadas). Mas qualquer que seja o caso, o nível de abate foi imperdoável. Alguns dias antes de Marikana, foi relatado que o número de protestos na África do Sul entre 1º de janeiro e 31 de julho de 2012 já ultrapassou o número mais alto registrado para um único ano desde 2004. Cada vez mais, ao que parece, a polícia da África do Sul está sendo trazida para confrontos com uma revolta cada vez maior dos pobres. Marikana foi apenas mais um episódio.
 
Os políticos
 
Um terceiro fator é a falha dos políticos em assumir a responsabilidade. A disputa na Lonmin (anteriormente Lonhro) foi retumbante por meses. Cerca de uma semana antes do massacre, a administração aumentou a segurança e chamou a polícia. Posteriormente, dois policiais foram agredidos até a morte, aparentemente por simpatizantes do AMCU. Mais policiais foram para a região. Após 10 mortes, policiais mais experientes vieram, mas ainda assim os políticos ficaram longe. Enquanto o tempo passava, funcionários seniores da AMCU foram chamados para atender os trabalhadores em greve, que estavam reunidos em uma colina próxima, enquanto os próprios trabalhadores demandavam falar com a gerência sênior. Enquanto a administração não aparecia, os trabalhadores foram ficando cada vez mais irritados e a cena estava pronta para, em 16 de agosto, a polícia decidir desarmar o grupo. Os policiais portavam armas de “gerenciamento de multidões” e balas de borracha, mas também estavam armados com munição real.
 
Enquanto isso, os ministros do governo que poderiam ter se envolvido para acalmar uma disputa que estava visivelmente ficando fora do controle optaram por se afastar e ver a crise como um simples assunto sindical. Talvez fosse politicamente perigoso se aventurar no território da Cosatu, adotar uma posição neutra entre o AMCU e o NUM. Quando, antes da tragédia, a Câmara de Minas havia tentado juntar os dois sindicatos para negociações, o NUM havia se recusado a se reunir com o AMCU. Quando, tardiamente, a ministra de Minas, Susan Shabangu, procurou reunir as diferentes partes, seu departamento supostamente omitiu o convite ao AMCU, alegando que não o reconhecem como um sindicato legítimo.
 
Tardiamente, após o massacre, os ministros estão ansiosos para serem vistos tomando decisões – com o ministro da polícia, Nathi Mthethwa, agora lançado no meio do problema. A crise também está acentuando um abismo político crucial. O contraste entre o estilo das visitas à Marikana do Presidente Zuma e de seu discípulo-agora-inimigo Julius Malema foi simbólico. Zuma estava numa conferência em Harare quando o massacre ocorreu. Talvez ele não pudesse chegar à Marikana mais cedo, mas quando o fez, foi no tardar da noite. Reuniu-se com a gerência e visitou os feridos no hospital. Sua principal resposta foi a nomeação da comissão de inquérito – uma ação sensata, porém burocrática, e que provavelmente não apaziguará os trabalhadores em greve.
 
Já Malema, – expulso do ANC em março de 2012 após longos procedimentos disciplinares partidários, que muitos acreditam terem sido impulsionados por sua campanha contra Zuma, – dirigiu de sua casa, em Polokwane, sem qualquer autoridade formal, recusou a proteção oferecida pela polícia, e foi desarmado e sem escolta em um grande campo aberto, onde os mineiros em greve estavam esperando por ele. Lá, ele protestou contra Zuma (“ele não se preocupa com os mineiros, ele veio aqui ontem à noite e reuniu-se com os brancos” [isto é, a gerência] … Ele foi falar com as pessoas brancas, não com vocês. Não foram os brancos britânicos que foram mortos, foram vocês”).
 
Malema protestou contra a polícia, protestou contra Cyril Ramaphosa (antigo secretário-geral do NUM e agora rico homem de negócios, que se aliou ao presidente da comissão disciplinar que expulsou do ANC), e protestou contra o NUM (“quando os trabalhadores têm problemas, o NUM os vende”).
 
A intervenção de Malema ainda pode se provar importante. Quando ele foi expulso do ANC (e, aparentemente, o fisco foi enviado atrás dele para consultar seus altamente duvidosos assuntos financeiros), parecia para muitos que ele tinha sido derrotado, que Zuma vencera. Agora, isso não é tão claro. Vamos esquecer que as políticas populistas de Malema ameaçam levar a África do Sul na direção do Zimbábue de Robert Mugabe: provavelmente nenhum outro político na África do Sul poderia ter caminhado naquele campo desarmado e ter saído vivo – certamente não os membros do Partido Comunista da África do Sul, que estão alinhados à Zuma e trabalhando arduamente para reelegê-lo.
 
Até agora, o vice-presidente Kgalema Motlanthe do ANC (outro antigo ex-secretário-geral do NUM) tem sido reticente sobre disputar as eleições para a presidência do ANC contra Zuma em Mangaung. Mas com Zuma rapidamente perdendo seu fascínio (e muitos diriam o seu controle sobre o governo), e com Malema ameaçando minar a base de apoio do ANC entre os pobres, pode ser que Motlanthe seja cada vez mais pressionado a ficar para a festa promovida por aqueles que – com razão – começaram a se preocupar com a longevidade do ANC.
 
Os empregadores
 
No cerne dos problemas em Marikana estão o legado e o desempenho atual da indústria de mineração. A economia da África do Sul foi, notoriamente, construída sobre a superexploração do trabalho do imigrante vindo de territórios vizinhos e dos bantustões [ pseudoestados de base tribal criados pelo regime do apartheid na África do Sul, de forma a manter os negros fora dos bairros e terras brancas]. Aos poucos, a partir de 1970, as coisas mudaram. Por razões econômicas e políticas, a mão-de-obra estrangeira foi em grande parte eliminada (ou, no caso do Lesotho, rodeado pela África do Sul, fortemente reduzida). Isto pressagiou uma nova paisagem mineira, que ganhou força a partir de 1994. Suas principais características têm sido uma queda maciça na mineração de ouro, a ascensão da platina ao lado de outros minerais, e o fechamento dos conjugados nos quais trabalhadores migrantes eram enclausurados à força.
 
Hoje, cada vez mais, as minas tiram as suas forças de trabalho das comunidades locais, e nelas, aqueles que ainda mantêm ligações com os antigos bantustões residem em quintais e barracos. Entretanto, como as minas se tornaram cada vez mais intensivas em capital, a proporção da força de trabalho que é permanentemente empregada diminui, e numerosos mineiros são agora casualmente empregados ou fornecidos por empresas contratantes.
 
Ninguém deve lamentar o fim dos conjugados. Entretanto, isso tem permitido a externalização de muitos dos custos sociais de cuidar de trabalhadores – de alimentação e habitação à saneamento. O ônus recai sobre as comunidades locais, já sobrecarregadas, no mesmo momento em que o governo local na África do Sul está entrando em colapso.
 
Muitas vezes supõe-se que esta é uma época na qual as atitudes e práticas das empresas de mineração estão se tornando mais esclarecidas; na verdade, todas as grandes mineradoras são signatárias de uma “carta de mineração” que promete maravilhas. Mas um relatório da Bench Marks Foundation, coincidentemente lançado pouco antes do massacre, relata uma enorme discrepância entre as promessas das mineradoras e suas práticas. Ele também destaca (entre outros) a falta de instalações educacionais e de treinamento, poluição ambiental, e uma total ausência de preocupação com as condições sociais dos trabalhadores.
 
No caso da Lonmin, 9.000 trabalhadores foram demitidos em 2011, e os que perderam seus empregos enquanto participavam do programa de habitação da empresa foram, ao mesmo tempo, privados de suas casas. A gestão da empresa não está imune à especulação de que não se preocupa entre os conflitos do AMCU e do NUM, já que é melhor enfrentar apenas um deles do que uma força de trabalho unida por um único sindicato determinado a buscar melhores condições aos trabalhadores.
 
O massacre em Marikana coincidiu com um momento em que muitos sul-africanos têm se sentido cada vez mais inquietos, que temem que a promessa de 1994 desapareceu e que o país perdeu o rumo. Com alguma esperança, ele servirá para sacudir a consciência nacional, envergonhando aqueles que afirmam que a única maneira de atrair o investimento estrangeiro é reduzindo o custo, e repensar as condições de trabalho. Mas não contem com isso: por enquanto, possivelmente, a tragédia pode comprometer a presidência Zuma, mas outros choques ainda podem ser necessários antes que o governo e os empregadores se juntem para um combate sério à pobreza e à desigualdade.
 
Roger Southall
Publicado no site OpenDemocracy, traduzido pelo Canal Ibase
 
Tradução: Isis Reis

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mulheres negras brasileiras de destaque na política



Dados do IBGE apontam que existem, no Brasil, cerca de 97 milhões de pessoas negras. Segundo um estudo realizado pela União dos Negros pela Igualdade (Unegro) em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (MG) os negros tem baixa representatividade no Parlamento. O estudo revelou que apenas 0,0001% dos negros brasileiros exercem mandatos nas principais casas legislativas. A pesquisa foi realizada no Congresso Nacional, nas 27 assembleias legislativas do País (incluindo o Distrito Federal) além das câmaras municipais de todas as capitais.

Atualmente, a Câmara dos deputados é composta por 9% de parlamentares negros, ou seja, 44 dos 513 deputados federais. Já nas Assembleias Legislativas de todo o Brasil, foram constatadas a presença de 46 deputados, alguns estados não possuem parlamentares afrodescendentes. A falta de representatividade também atinge as câmaras municipais, principalmente das capitais do país.

No caso das mulheres negras a diferença é ainda mais acentuada, elas não ocupam na mesma proporção os espaços institucionais da vida política nacional. Mesmo com essa falta de representatividade de Mulheres Negras nas principais casas legislativas! Abaixo segue uma lista de 13 mulheres negras brasileiras em destaque na política:

Antonieta de Barros



Nascida em 11 de julho de 1901, Antonieta de Barros foi a primeira mulher a integrar a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Educadora e jornalista atuante, teve que romper muitas barreiras para conquistar espaços que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres – e mais ainda para uma mulher negra.

Deu início às atividades como jornalista na década de 1920, criando e dirigindo em Florianópolis, onde nasceu, o jornal A Semana, mantido até 1927. Na mesma década, dirigiu o periódico Vida Ilhoa, na mesma cidade. Como educadora, fundou o Curso Antonieta de Barros, que dirigiu até a sua morte, em 1952, além de ter lecionado em outros três colégios.
Manteve intercâmbio com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e, na primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar e receberem votos, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense, que a elegeu deputada estadual.
Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil, trabalhando em defesa dos diretos da mulher catarinense.


Theodosina Rosário Ribeiro


Theodosina Rosário Ribeiro foi à primeira deputada negra da Assembléia Legislativa de São Paulo. Nasceu em 29 de maio de 1930 na cidade de Barretos (SP). Quarenta anos depois, em 1970, a maior cidade da América Latina a elege como primeira vereadora negra da Câmara Municipal de São Paulo. E, em 1974, a primeira deputada negra da Assembléia Legislativa do Estado, onde ocupou também o cargo de vice-presidente.

Theodosina formou-se filósofa, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da universidade de Mogi das Cruzes, e advogada, pela FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas. Na vida pública, teve quatro candidaturas vitoriosas - uma como vereadora e três como deputada estadual.

Ela se tornou uma referência e estímulo para negras e negros. Depois dela, outras mulheres negras se engajaram na vida pública.


Benedita da Silva


Benedita Sousa da Silva Sampaio, nasceu em 1942 no cidade do Rio de Janeiro, e viveu, durante 57 anos, no Morro do Chapéu Mangueira no Leme. Formada no curso de Serviço Social, iniciou sua carreira política ao se eleger vereadora do Rio de Janeiro em 1982, após militância na Associação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro. Em 1986, foi eleita deputada federal, e se reelegeu para este cargo em 1990. Na Legislatura de 1987-1991, Benedita participou da Assembleia Nacional Constituinte, onde atuou como titular da Subcomissão dos Negros, das Populações Indígenas e Minorias. Em seguida, passou à Comissão de Ordem Social e da Comissão dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher. Em 1992, foi candidata do PT a prefeitura do Rio de Janeiro. Em 1994, elegeu-se senadora, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar uma vaga no Senado. Foi eleita vice-governadora do Rio de Janeiro em 1998 na chapa de Anthony Garotinho. Para assumir o cargo, renunciou ao mandato de Senadora, que só terminaria em 2002. Com a renúncia de Anthony Garotinho para concorrer à Presidência da República em abril de 2002, assumiu o governo do estado do Rio de Janeiro.

Em 2001, presidiu a Conferência Nacional de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, que reuniu mais de dez mil pessoas de todo país, entre lideranças de ONGs e governos.
Com a eleição de Lula para a Presidência da República, assumiu a Secretaria Especial da Assistência e Promoção Social, com status ministerial.

Assumiu em janeiro de 2007, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, no Governo Sérgio Cabral Filho. Foi em 2010 eleita deputada federal pelo Rio de Janeiro.


Marina Silva


Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, nasceu no Rio Branco em 8 de fevereiro de 1958, é uma ambientalista, historiadora, pedagoga e política brasileira. Foi senadora pelo estado do Acre durante 16 anos. Atualmente, está sem partido.

Foi Ministra do Meio Ambiente no Governo Lula do seu início (2003) até 13 de maio de 2008. Também foi candidata à Presidência da República em 2010 pelo Partido Verde (PV), obtendo a terceira colocação entre nove candidatos, com 19,33% da porcentagem total - expressivos 19.636.359 votos válidos em todo o território nacional.

"Também sou negra, mas seria muito pretensioso da minha parte me apresentar como similar ao Obama". Marina Silva, em entrevista durante a campanha para presidente.


Janete Pietá


Janete Rocha Pietá, nasceu no Rio de Janeiro em 3 de novembro de 1946, é uma política brasileira. Formou-se em História pela Faculdade de Filosofia Ciências Santa Úrsula, em 1971. Ainda no Rio de Janeiro, trabalhou como professora, até mudar-se para Belo Horizonte, em 1972, onde prosseguiu em seu ofício até 1974.

Chegou a Guarulhos em 1974. Foi metalúrgica até 2001. Participou das lutas sindicais e atuou nos movimentos de moradia. Janete Pietá foi a primeira mulher a se formar pelo SENAI, em 1977. Licenciou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Guarulhos, em 1993.

Eleita deputada federal em 2006 pelo Partido dos Trabalhadores de São Paulo, com 116.865 votos, foi à única representante mulher entre os 14 eleitos pelo PT do estado de São Paulo e a primeira parlamentar afro-descendente eleita pelo PT paulista para a Câmara dos Deputados.


Jurema Batista


Jurema Batista começou a carreira política como presidente da Associação de Moradores do Andaraí, em 1979. E formada em português e literatura pela Universidade Santa Úrsula, participou da criação do Partido dos Trabalhadores, Rio de Janeiro, no início da década de 80. Foi eleita três vezes vereadora pelo PT, a primeira em 1992. Em 2002, foi eleita deputada estadual. Durante seu mandato na Assembléia Legislativa, presidiu a Comissão de Combate à Discriminação de Etnia, Religião e Procedência Nacional. Em 2005 foi uma das 1000 mulheres do mundo indicadas para ganhar o Nobel da Paz. Em 2007 foi convidada para presidir a Fundação para a Infância e Juventude (FIA) do governo do estado.

Atualmente exerce o cargo de Gerente de Segurança Alimentar na Secretaria de Assistência Social, da qual é funcionária de carreira. É membro do Movimento Negro Unificado, onde exerce o cargo de coordenadora de formação política.
Entre seus projetos mais importantes: o que torna gratuito para famílias pobres o teste de DNA, realizado pela Uerj; o projeto de lei que cria o Dia de Lembrança do Holocausto; o que mantém a Feira de Tradições Nordestinas em São Cristóvão; e o projeto Rio Charme que permitiu a permanência do baile charme no Viaduto de Madureira. É autora da lei que garante 40% de negros na propaganda oficial do município, bem como, autora do Diploma Zumbi dos Palmares na ALERJ e do disque Discriminação na mesma casa de Lei.

Leci Brandão


Leci Brandão da Silva, nasceu no Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1944, é uma cantora, compositora brasileira e umas das mais importantes intérpretes de samba da música popular brasileira. Começou sua carreira no início da década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Mangueira. Ao longo de sua carreira, gravou 20 álbuns e três compactos. Participou do Festival MPB-Shell promovido pela Rede Globo, em 1980, com a música Essa tal criatura. Em 1985, gravou Isso é fundo de quintal. Em 1995 foi a intérprete do samba-enredo da Acadêmicos de Santa Cruz durante o carnaval. Atuou na telenovela Xica da Silva da TV Manchete, como Severina.

Atualmente, além de se dedicar à carreira musical, é membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Desde 2003 também vem exercendo a função de comentarista dos desfiles de escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo, pela Rede Globo.

Em fevereiro de 2010, Leci Brandão filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e candidatou-se ao cargo de Deputada Estadual pelo estado de São Paulo, tendo sido eleita. Sua defesa dá ênfase à negros, igualdade racial, combate ao racismo e a inclusão do samba na política cultural do Estado de São Paulo, entre outras propostas. No carnaval 2012, foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos do Tatuapé.


Olívia Santana



Maria Olívia Santana, nasceu em Salvador no dia 25 de março de 1967, na comunidade do Alto de Ondina. é uma política brasileira, educadora e militante do movimento de mulheres negras brasileira. Começou a fazer política no movimento estudantil, mas conquistou posição de destaque na luta contra a discriminação racial. É dirigente da União de Negros pela Igualdade (Unegro) e foi secretária de Educação e Cultura do Município. Marcou sua gestão com ações como a implantação da matrícula informatizada e do estudo da cultura afro-brasileira. foi secretária Municipal de Educação de Salvador, atualmente como vereadora (PC do B) e integra o Fórum das Mulheres Negras e o Conselho de Promoção da Igualdade Racial. E Dirigente Nacional do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e Presidente da Comissão de Reparação da Câmara Municipal de Salvador.

Desde que assumiu uma cadeira no Legislativo, em 2003, defende o tombamento da Feira de São Joaquim como patrimônio cultural da Bahia e do Brasil. Defende a educação como a principal fonte de transformação social.
Candidatou-se à Câmara Federal em 2006, conquistando 37.803 votos. Em 2008, renovou seu mandato no legislativo municipal. Neste mandato – Olívia Santana foi eleita Ouvidora-geral da Câmara para o biênio 2011-2012. Além de ser membro das comissões de Finanças, Orçamento e Fiscalização e de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Salvador, a Edil é ex-presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer.

Claudete Alves


Claudete Alves, formada em Pedagogia com Especialização em Administração Escolar, Mestranda em Ciências Sociais pela PUC/SP. Uma negra em movimento. Militante e ativista do movimento sindical na área do serviço público. Articulou a criação do Instituto Todos a Bordo, organização não governamental que busca combater toda forma de discriminação. Filiada ao Partido dos Trabalhadores, desde 1983. Nos anos 80, participou ativamente do Movimento de Luta por Creches no Município de São Paulo, já tendo um histórico de atuação também no Movimento Negro.

Fevereiro de 2003 assume o Legislativo Municipal de São Paulo, tendo como principais áreas de atuação o combate à discriminação racial, defesa dos direitos da mulher, criança e adolescente e a luta pela oferta de um serviço público de qualidade, com ênfase na Educação e Saúde. Autora da lei 13.707/03 que instituiu o 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, como feriado na cidade de São Paulo.

Claudete Alves é idealizadora e proponente junto ao Ministério Público Federal, da Representação que requereu o ajuizamento de uma Ação Civil Pública contra o Estado Brasileiro, pleiteando indenização pelos danos causados a todos os DNAEB (Descendentes de Negros Africanos Escravizados no Brasil) que residem na cidade de São Paulo.
Atualmente Claudete Alves é presidente do SEDIN – Sindicato da Educação Infantil.


Rosangela Gomes


Deputada Rosangela Gomes, nascida na cidade de Nova Iguaçu no estado do Rio de Janeiro. É graduada em Direito, Pós-graduada em Políticas Públicas no ano de 2007 pela IUPERJ (Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro) e em Direito Público em 2008 pela Universidade Cândido Mendes. Rosangela cumpre agora seu primeiro mandato estadual, pelo Partido Republicano Brasileiro, após ser eleita pela terceira vez como vereadora em Nova Iguaçu. Em 2004 foi reeleita como a vereadora mais votada da Baixada Fluminense com 6.262 votos. No ano de 2000 marcou a eleição como a única mulher a eleger-se no município de Nova Iguaçu, quando obteve 5108 votos. Para atender a convocação do seu partido Rosangela Gomes concorreu ao Senado da República Federal em 2006, surpreendendo o cenário político atingindo a marca de 262.132 votos.

Em seu último mandato como vereadora, Rosangela presidiu a Comissão de Defesa do Direito do Consumidor e a Comissão de Combate a Desigualdade Racial, fundada por ela. Rosangela Gomes, devido ao grande comprometimento seu partido lhe atribuiu mais um grande desafio em assumir a presidência nacional da militância do PRB Mulher, a qual vem desenvolvendo um excelente trabalho.

Hoje como deputada, preside a Comissão de Prevenção ao Uso de Drogas e Dependentes Químicos em Geral, além de ser membro das Comissões de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião, Defesa dos Direitos da Mulher, Saneamento Ambiental e Segurança Alimentar e também como relatora da Comissão Especial para Tratar da Deficiência do Abastecimento de Água na Baixada Fluminense.


Rosário Bezerra


Maria do Rosário de Fátima Bezerra Rodrigues nasceu na cidade de União - PI. É bacharel em Ciências Econômicas e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Piauí. Como mulher negra, mãe, irmã, filha e sonhadora, estabeleceram sua militância política em movimentos sociais (mulheres, negros, coisa de nego), de igreja (juventude operária católica - JOC) e na fundação do Partido dos Trabalhadores no Piauí. Durante três anos, foi assessora parlamentar da Câmara dos Deputados em Brasília . É membro do Núcleo de Pesquisa sobre Africanidades e Afrodescendência Ifaradá, da UFPI.

Exerceu a função de diretora da Escola de Governo do Estado do Piauí e Ouvidora Geral do Governo na gestão de Wellington Dias. É servidora pública da Fundação Cepro(Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí) de onde licenciou-se para exercer o Parlamento. Eleita vereadora em 2008 como a mais votada do seu partido. Como parlamentar, tem honrado os votos recebidos pelos teresinenses, procurando através de uma atuação marcante na Câmara, nas comunidades, nas diversas esferas do poder atender os pleitos daqueles que mais precisam.

Tem trabalhado para fortalecer os segmentos: mulheres, negros e a saúde da população. É autora da lei 4034 de 20 de agosto de 2010, a Lei Antifumo de Teresina; Criou a frente parlamentar pela livre expressão sexual, entre outras ações.

Cristina Almeida


Cristina Almeida é Bacharel em Administração de Empresas. Desde 1990 é funcionária do quadro efetivo da Assembleia Legislativa do Amapá. Iniciou sua militância no movimento estudantil como membro do Centro Acadêmico de Administração da Faculdade Integrada do Colégio Moderno- FICOM. É militante do Movimento de mulheres e do Movimento Negro, iniciando na União dos Negros do Amapá – UNA e hoje sócia fundadora do IMENA- Instituto de Mulheres Negras do Amapá. Participa ativamente do grupo de Marabaixo da Comunidade de Campina Grande. É Membro da Executiva Estadual do PSB e Secretaria Nacional da Negritude Socialista Brasileira.

Cristina Almeida foi a primeira mulher eleita vereadora do Município de Macapá, e em 2010 eleita como deputada estadual. Cristina leva como bandeira de luta o combate ao preconceito, discriminação e todas as formas correlatas de intolerância, defensora na batalha pela inclusão de políticas públicas para as mulheres, bem como os negros e homossexuais, possui o Jornal Informativo Impresso que mensalmente apresenta todos os resultados do seu mandato circulando nos quatro cantos da cidade de Macapá. O projeto Gabinete Itinerante Compromisso e Participação, visita semanalmente os bairros de Macapá e nos finais de semana desenvolve ações na zona rural, colhendo reivindicações da população, valendo ressaltar que em 2009 realizou inúmeras reuniões, conseguindo intervir com mais de 1.000 requerimentos a Prefeitura Municipal de Macapá, conseguindo resultados e persistindo pelo crescimento da igualdade social da população amapaense.
 

Outro grande projeto da vereadora é o “Capacitando para gerar renda”, onde mulheres de diversos bairros de Macapá e da zona rural recebem cursos de capacitação, cujo objetivo é o aumentar a renda de suas famílias.


Fátima Santiago


Fátima Santiago é formada em Ginecologia e Obstetrícia e pós-graduada em medicina do trabalho. Há vinte anos iniciou o trabalho de prevenção do câncer de colo uterino nas comunidades carentes do estado, quando ainda era acadêmica de medicina. Prestou concurso e foi aprovada como professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Escola de Ciências Médicas.

Na área política, no ano de 2000, recebeu excelente votação, sendo a primeira suplente de sua coligação, o que a fez ingressar como vereadora em 2002. Já em 2004, tornou-se a única mulher eleita vereadora em Maceió. Idealizou e inaugurou dois institutos de atendimento gratuito; um no bairro Dubeaux Leão e outro no Eustáquio Gomes.

Atualmente, Fátima Santiago é a vice-presidente da Câmara Municipal de Maceió. Já para o biênio 2011/2012, a vereadora é a 2° vice-presidente, sendo a única mulher na composição desta Mesa Diretora. Como vereadora, se destaca pela sua atuação nas Comissões Parlamentares, que são importantes espaços de decisão política onde é definido o destino da população maceioense.

Referências:
http://www.palmares.gov.br/?page_id=8258
http://primeirosnegros.blogspot.com.br/2009/08/n1-na-politica-pauli…
http://pt.wikipedia.org/wiki/Benedita_da_Silva
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marina_Silva
http://pt.wikipedia.org/wiki/Janete_Rocha_Piet%C3%A1
http://www.oliviasantana.org.br/Biogragia.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ol%C3%ADvia_Santana
http://angolaconectada.blogspot.com.br/2011/12/livro-negros-o-brasi…
http://www.lpp-buenosaires.net/olped/acoesafirmativas/boletim_ppcor…
http://rosariobezerra.blogspot.com.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leci_Brand%C3%A3o
http://fatimasantiago.com/?page_id=3

Fonte: Hernani Francisco da Silva - Afrokut