terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra



Saúde da população Negra é direito, é lei

Racismo e discriminação fazem mal à saúde.

Enfrentar o racismo, a discriminação racial e suas consequências na saúde; garantir a atenção às doenças e agravos que mais afetam a população negra e lutar pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) são as principais bandeiras da Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra.


Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra faz um alerta aos governos e à sociedade

Nesta quarta, 27 de outubro é o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra. Em todo país, movimentos sociais negros organizados em parceria com gestores municipais e estaduais estarão promovendo rodas de conversa, seminários, caminhadas, encontros e atividades culturais com o propósito de sensibilizar a sociedade brasileira, chamar a atenção das autoridades e assegurar a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra nos estados e municípios.

A expectativa é a de que mais de 40 cidades participem da agenda de mobilização em todo Brasil em 2010. Para o dia 27, foram anunciadas atividades nas cidades de Porto Alegre, Passofundo, Bagé, Caraguatuba, Campinas, Araraquara, São Paulo, Salvador e Teresina, entre outras. A mobilização começou no dia 20 de outubro e segue até o dia 20 de novembro. Confira a programação nacional no mapa da mobilização abaixo.
Com o slogan “Saúde da População negra é direito, é lei – Racismo e discriminação fazem mal à saúde”, a campanha de mobilização pró-saúde da população negra 2010 foi criada para informar à população negra sobre os seus direitos e ampliar o debate com a sociedade em geral. Além disso, propõe informar sobre o racismo e suas implicações para as profundas desigualdades motivadas pelo quesito raça/cor que potencializam o processo de adoecimento e morte da população negra.

Racismo – De acordo com Fernanda Lopes, oficial nacional do Programa de Saúde Reprodutiva e Direitos do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a construção da agenda de mobilização foi uma iniciativa de especialistas em saúde da população negra, do movimento de mulheres negras e do movimento negro.

“A idéia era provocar na sociedade o reconhecimento tanto por parte da sociedade quanto dos gestores de que o racismo faz mal à saúde e, além disso, descortinar a persistência das desigualdades raciais na saúde. Nesse contexto a intenção foi criar um ambiente favorável para a aprovação da Política Nacional de Saúde Integral à População Negra”, informa. A agenda de mobilização está no seu quinto ano de execução.

Este ano, a ONG Criola ocupa a Secretaria-Executiva da mobilização nacional pró-saúde da população negra. A realização é da Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra, Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, Rede Lai Lai Apejo – População Negra e Aids e Rede Nacional de Promoção e Controle Social da Saúde das Lésbicas Negras (Rede Sapatá) e Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras. A parceria é do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Mapa Mobilização Pró-Saúde População Negra 2010

Maiores informações visite: www.redesaudedapopulacaonegra.org

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Filosofia africana

O adjectivo “africana”, acima mencionado e que qualifica a palavra filosofia, é formado a partir do termo “África” que, segundo alguns estudiosos da linguagem, deriva do Grego “aphriké”, do Berbere “awrigas”, de “afryquah” significando colónia, e do Latim “aprica” significando “exposto ao sol”. Desse último significado da palavra África, ou seja, exposto ao sol, e da inconstância sócio-econômico-política do continente africano, forja-se falaciosamente a ideia de que o povo africano não tem “queda” para filosofia, não tem “cabeça” para abstração, para metafísica. Será isso verdade? Não há nessa opinião um preconceito que remonta a Homero, Aristóteles, Platão e outros? A expressão ”filosofia africana” pode parecer estranha para muitos, no entanto, o povo africano filosofa, tem “cabeça filosófica”.

Senão vejamos: Metafisicamente falando, os africanos possuem palavras e termos que remetem à ideia, a conceitos ontológicos, tais como, em Iorubá (língua africana): “ni” significa ser, “mõ” significa conhecer, ”ofifo” significa o nada. Em Banto (outra língua africana): “ntu” expressa a ideia de ser. A partir do conceito de ser (ntu), a cultura bantu deriva quatro categorias de tudo o que se pode conhecer: 1. “muntu” conceitua o ser-de-inteligência (o ser humano); 2. “kintu” significa o ser-sem-inteligência (as coisas); 3. “hantu” expressa o ser-localizador (lugar-tempo); 4. O ser-modal (modificação do ser). Além dessas quatro categorias, na filosofia africana, especificamente a filosofia bantu, são de suma importância estes conceitos: unificação de lugar e tempo, distinção entre o existir e o viver. Os bantu (etnia africana) chegam à ideia de que lugar e tempo são concomitantes, baseados na localização dos existentes, uma vez que “qualquer existente, assim que surge, supõe necessariamente o antes e o depois”. Ao lado disso, a diferença entre o existir e o viver se faz, na filosofia bantu, da seguinte forma: o existir é abrangente, geral, universal; enquanto que o viver é um momento do existir, é uma particularidade do existir. Convém observar que alguns pensadores africanos entendem que os conceitos filosóficos chegam a eles através da música, da percussão, da religião e da dança.

fonte: Jornal de Angola texto encontrado em http://paginasdefilosofia.blogspot.com/search/label/Filosofia%20Africana