segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Filosofia africana

O adjectivo “africana”, acima mencionado e que qualifica a palavra filosofia, é formado a partir do termo “África” que, segundo alguns estudiosos da linguagem, deriva do Grego “aphriké”, do Berbere “awrigas”, de “afryquah” significando colónia, e do Latim “aprica” significando “exposto ao sol”. Desse último significado da palavra África, ou seja, exposto ao sol, e da inconstância sócio-econômico-política do continente africano, forja-se falaciosamente a ideia de que o povo africano não tem “queda” para filosofia, não tem “cabeça” para abstração, para metafísica. Será isso verdade? Não há nessa opinião um preconceito que remonta a Homero, Aristóteles, Platão e outros? A expressão ”filosofia africana” pode parecer estranha para muitos, no entanto, o povo africano filosofa, tem “cabeça filosófica”.

Senão vejamos: Metafisicamente falando, os africanos possuem palavras e termos que remetem à ideia, a conceitos ontológicos, tais como, em Iorubá (língua africana): “ni” significa ser, “mõ” significa conhecer, ”ofifo” significa o nada. Em Banto (outra língua africana): “ntu” expressa a ideia de ser. A partir do conceito de ser (ntu), a cultura bantu deriva quatro categorias de tudo o que se pode conhecer: 1. “muntu” conceitua o ser-de-inteligência (o ser humano); 2. “kintu” significa o ser-sem-inteligência (as coisas); 3. “hantu” expressa o ser-localizador (lugar-tempo); 4. O ser-modal (modificação do ser). Além dessas quatro categorias, na filosofia africana, especificamente a filosofia bantu, são de suma importância estes conceitos: unificação de lugar e tempo, distinção entre o existir e o viver. Os bantu (etnia africana) chegam à ideia de que lugar e tempo são concomitantes, baseados na localização dos existentes, uma vez que “qualquer existente, assim que surge, supõe necessariamente o antes e o depois”. Ao lado disso, a diferença entre o existir e o viver se faz, na filosofia bantu, da seguinte forma: o existir é abrangente, geral, universal; enquanto que o viver é um momento do existir, é uma particularidade do existir. Convém observar que alguns pensadores africanos entendem que os conceitos filosóficos chegam a eles através da música, da percussão, da religião e da dança.

fonte: Jornal de Angola texto encontrado em http://paginasdefilosofia.blogspot.com/search/label/Filosofia%20Africana

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