quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ONU proclama 2011 como Ano Internacional para Afro-Descendentes

Em mensagem à Assembleia-Geral, Ban Ki-moon diz que o evento pretende reforçar o compromisso político para erradicar a discriminação.

As Nações Unidas lançaram, nesta sexta-feira em Nova York, o Ano Internacional para Descendentes de Africanos.

Erradicar a discriminação

Num discurso, o Secretário-Geral, Ban Ki-moon explicou o objetivo do evento, que será marcado em 2011.

Diversidade

Segundo ele, o Ano Internacional tentará fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação a descendentes de africanos. A iniciativa também quer promover o respeito à diversidade e herança culturais.
Numa entrevista à Rádio ONU, de Cabo Verde, antes do lançamento, o historiador guineense Leopoldo Amado, falou sobre a importância de se conhecer as origens africanas ao comentar o trabalho feito com quilombolas no Brasil.

Dimensão

"Esses novos quilombolas têm efetivamente o objetivo primordial de fortalecer linhas de contato. No fundo restituir-se. Restituir linhas de contatos, restituir aquilo que foi de alguma forma quebrada, aquilo que foi de alguma forma confiscada dos africanos, que é a possibilidade de restabelecer a ligação natural entre aqueles que residem em África, que continuam a residir em África e a dimensão diaspórica deste mesmo resgate. A dimensão diaspórica da África é efetivamente larga e grande", disse.
Ban lembrou que pessoas de origem africana estão entre as que mais sofrem com o racismo, além de ter negados seus direitos básicos à saúde de qualidade e educação.

Declaração de Durban

A comunidade internacional já afirmou que o tráfico transatlântico de escravos foi uma tragédia apavorante não apenas por causa das barbáries cometidas, mas pelo desrespeito à humanidade.

O Secretário-Geral finalizou a mensagem sobre o Ano Internacional para os Descendentes de Africanos, lembrando a Declaração de Durban e o Programa de Ação que pede a governos para assegurar a integração total de afro-descedentes em todos os aspectos da sociedade.

FONTE: Site da ONU - Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque. 10/12/2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Ensaísta brasileira emociona o Senegal

Ícone da literatura afro-brasileira, a escritora e ensaísta Conceição Evaristo foi uma das convidadas pela Fundação Cultural Palmares para participar da programação cultural do Brasil no III Festival Mundial de Artes Negras, no Senegal. Entre os 60 países convidados, o Brasil é o país homenageado e tem a maior delegação, com 362 personalidades, entre artistas, grupos culturais, intelectuais e cineastas.


Fotos: Elaine Hazin
Conceição Evaristo na Ilha de Gorée, ao lado da estatua que simboliza o fim da escravatura

Com o tema "Da representação à auto-apresentação do negro na literatura brasileira", a escritora integrou a programação de pensadores do Festival sobre a questão da diáspora africana. Em Gorée, Conceição reuniu intelectuais de países africanos. Emocionada afirmou que a experiência trouxe uma sensação "de volta à origem [...]. Não uma origem particular, mas de uma dor coletiva. Essa recordação, como um ato voluntário de resistência, nos faz acreditar que somos fortes e por isso recuperamos a vida".

Conceição Evaristo é Mestre em Literatura Brasileira pela PUC Rio, e Doutoranda em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Autora dos romances Ponciá Vicêncio, 2003 e Becos da Memória, 2006, Mazza Edições, a escritora lançou em 2008 a antologia Poemas da Recordação e outros Movimentos, Editora Nandyala, obra classificada entre os 50 finalistas do Prêmio Portugal Telecom, no ano de 2009.

Fonte: http://www.palmares.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=3104

III Festival de Artes Negras em Dakar - Senegal



Na origem, o primeiro Festival Mundial das Artes Negras organizado em Abril de 1966 devia finalizar, do ponto de vista do Presidente e poeta Léopold Sédar Senghor, o seu iniciador, a marcha de um século que celebrou com fasto as culturas negras.
Para Senghor como para Césaire, os pais da Negritude, a organização do Festival tinha a ver tanto com a política como com a cultura. Devia servir a reafirmar a nobreza das culturas africanas, a celebrar a sua essência e a sua importância, num contexto em que a África mal acabava de sair da colonização e os Estados – Unidos tinham dificuldade para pôr fim à Segregação racial.

Consoante os princípios gerais do primeiro Festival, tinha como objetivo principal «permitir ao maior número possível de artistas negros, ou de origem negra, fazer-se se conhecer e amar por um auditório tão vasto como possível num clima de tolerância, de estima mútua e desenvolvimento intelectual.»

As delegações africanas afluíram, portanto, com as estrelas da diáspora da época, entre as quais Duke Ellington, Arthur Mitchell e Alvin Ailey (American Negro Dance Company), Mestre Pastrinha (grande capoeirista da Bahia), Marion Williams ou ainda Clementina de Jesus, rainha do samba.

Após Dakar, Lagos acolheu em 1977 o segundo Festival Mundial das Artes Negras. Esta edição inscrevia-se no mesmo espírito de defesa e ilustração das civilizações e culturas negras.

Fonte: http://www.dc.mre.gov.br/festivais-e-concursos/dacar-2013-iii-festival-mundial-de-artes-negras