terça-feira, 24 de maio de 2011

A negritude em Aimé Césaire


No discurso sobre a Negritude feita por Aimé Césaire em 1987, na cidade de Maimi, ele diz que:

"[...] palavra por vezes desacreditada, por vezes desgatada, mas, de toda maneira, uma palavra de emprego e de manejo difíceis: a palavra Negritude. A Negritude, aos meus olhos, não é uma filosofia. A Negritude não é uma metafísica. A Negritude não é uma pretensiosa concepção do universo. É uma maneira de viver a história dentro da história; a história de uma comunidade cuja experiência parece, em verdade, singular, com suas deportações de populações, seus deslocamentos de homens de um continente a outro, suas lembranças distantes, seus restos de culturas assassinadas. [...] Vale dizer que a Negritude, em seu estágio inicial, pode ser definida primeiramente como tomada de consciência da diferença, como memória, como fidelidade e como solidariedade.


Mas a Negritude não é apenas passiva. Ela não é da ordem do esmorecimento e do sofrimento. Ela não é nem da ordem do petético nem do choramingo. A Negritude não resulta é uma atitude proativa e combativa do espírito. Ela é um despertar; despertar de dignidade. Ela é uma rejeição; rejeição da opressão. Ela é um luta, isto é, luta contra a desigualdade. Ela é também revolta. Mas, então, me dirão os senhores, revolta contra o que? [...] Eu creio que se pode dizer, de maneira geral, que, historicamente, a Negritude foi uma forma de revolta, em princípio contra o sistema mundial da cultura tal qual ele se constitui durante os últimos séculos e que se caracteriza por um certo número de preconceitos, de pressupostos que resultam em uma hierarquia muito rígida.

Fonte: Aimé Cesairé. Belo Horizonte. Nandyala, 2010.

Um comentário:

  1. ... em 1987 eu morava em Miami. Tinha uma empresa de agenciamento de transportes internacionais, intermediava junto as Cia de Transportes de Containers e Carga Aérea para e do Rio de Janeiro. Desisti, abandonei tudo por lá e retornei para o Brasil. Nessa época eu não tinha a consciência da negritude, muito embora hoje eu avalio que as oportunidades que me éram oferecidas não constituia as mesmas dos companheiros dos quais eu convivia, acho que devido ao que fala o autor do texto. Tivesse eu aquelas oportunidades e aí sim, me equivaleria ao Onassis e me tornaria um grande armador, daí ter que amargar essa dúvida da negritude para a prosteridade.

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