Alvo de racismo, lateral será 1º checo negro na história da Eurocopa
- A imprensa checa não tem dúvidas em afirmar qual será o atleta da equipe cheia de jogadores dos clubes locais a surpreender na Eurocopa: Theodor Gebre Selassie. Lateral direito do Liberec, 25 anos, ele a bem da verdade está acostumado a surpreender. No último ano, se tornou o primeiro negro da história da República Checa a vestir a camisa da seleção. Convocado para a Eurocopa, também será o primeiro em grandes competições internacionais.
Alvo de racismo, lateral será primeiro checo negro na história da Euro - Foto: AFP
Selassie é antes de mais nada alguém com história pessoal para honrar a tradição do país no torneio – foi campeão em 1976, vice em 96 e semifinalista em 60, 80 e 2004. Campeão checo com o Liberec há algumas semanas após seis anos de jejum, ele superou até o racismo de torcedores rivais para honrar o nome do pai Chamola, médico etíope, e da mãe, professora checa. Ela, na verdade, é a única não totalmente feliz com o sucesso do filho. “Queria que ele tivesse terminado a faculdade”, conta Jana.
A mãe, lá no fundo, deve estar satisfeita com a ascensão de Selassie, que há quatro anos estava na quarta divisão checa e surpreende até os próprios treinadores. “Ele foi uma surpresa muito agradável. Mostrou uma luz positiva”, definiu Michal Bílek, treinador da República Checa após sua estreia em 2011. Desde então, o crescimento tem feito o lateral direito abafar qualquer tipo de rejeição local.
Em outubro, Selassie enfrentou o que não era exatamente estranho a ele, mas nunca havia surgido de forma tão expressiva. Melhor em campo na vitória de 3 a 0 do Liberec sobre o anfitrião Sparta Praga, marcou um golaço e fechou o caixão do time mais popular do país no torneio nacional. A resposta veio das arquibancadas com racismo, imitações de macaco, e o clube de Praga seria punido. Algo que a Liga Checa já havia vivenciado anteriormente. Mas o lateral reagiu com a força mental de sempre.
“Peço desculpas por isso, mas nasci na República Checa. Vivi aqui toda minha vida e só estive uma vez na Etiópia e foi há dois anos. Há um homem negro (Barack Obama) à frente do mais poderoso país do mundo e as pessoas falam muito sobre eu jogar pela seleção checa”, reagiu orgulhoso da própria biografia. “Estou feliz porque sou diferente. Ao menos sou mais visível”, diverte-se. “Por outro lado, quando jogo mal, há uma desvantagem”.
Esse tipo de reação, assegura a mãe, pautou o filho cheio de personalidade. “A vantagem é que ele tinha o caráter tão especial que isso ajudou a ele superar qualquer reação. Uma professora dizia que Theo ria o tempo todo na escola”, conta Jana ao Guardian. A Eurocopa é a primeira grande chance de Selassie mostrar seu sorriso ao mundo.
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